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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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SAÚDE

Mais de 80% dos asmáticos têm rinite, mostram estudos; via respiratória única explica relação das doenças

Tratamento de rinite pode prevenir asma

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um prédio de vários andares, em que todos os pisos têm um mesmo carpete. Wilson Aun, presidente de honra do 30º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia, utiliza a descrição acima para explicar porque tratar a rinite alérgica pode evitar um mal maior, a asma brônquica.
O sistema respiratório, que vai do nariz aos alvéolos, é todo forrado pelo mesmo "carpete" (mucosa), assim como o prédio do exemplo. A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa do nariz desencadeada por substâncias que geram uma resposta exagerada do sistema de defesa. O nariz fica obstruído, coça, o paciente espirra e ronca. Rinites podem ser perenes e sazonais -estas associadas à alergia ao pólen.
Barrando a rinite por meio de vacinas e antiinflamatórios é possível evitar que a reação alérgica atinja a mucosa dos pulmões e inflame suas vias aéreas, gerando a asma. Estudos mostram que mais de 80% dos pacientes com asma têm rinite alérgica.
"A resposta alérgica se dá com as mesmas células, em todos os "andares'", diz Aun, diretor-científico da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Essa é a base da teoria das "vias respiratórias unidas", um dos principais temas do encontro, ocorrido na última semana em Florianópolis.
"O conceito é para chamar a atenção. Muitas pessoas não dão bola para a rinite, acham que o nariz não é importante, sendo que o aparelho respiratório é uma coisa só", afirma a presidente-executiva da Sociedade Brasileira de Asmáticos, Fátima Emerson.
O tratamento da rinite alérgica foi estabelecido como estratégia para prevenção da asma pela OMS (Organização Mundial da Saúde) a partir de um encontro de especialistas no final de 1999. Naquela ocasião, foi lançado o projeto Aria (sigla em inglês para rinite alérgica e impacto sobre a asma). Segundo a OMS, a asma é a doença alérgica mais prevalente e perigosa. Dados da organização apontam a existência de cerca de 100 milhões de asmáticos no mundo e 180 mil mortes anuais causadas pela doença.
Nos EUA, o número de asmáticos aumentou mais de 60% desde o início dos anos 80. Um estudo internacional apontou prevalências de 20% a 30% da doença entre crianças no Brasil, na Costa Rica, no Panamá, no Peru e no Uruguai (leia texto nesta página).
A doença atinge sobretudo jovens, segundo a OMS, e estima-se que seu custo supere o de males como a Aids e a tuberculose combinados. Nos EUA, os custos diretos e indiretos de tratamento ultrapassam US$ 6 bilhões anuais.



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