São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preso em Sergipe suposto chefe do tráfico da Mangueira

Um dos autores do samba-enredo da escola de samba, Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, estava foragido e foi localizado com a mulher e uma filha

Prisão ocorreu em operação da Polícia Civil do Rio e da PF de Sergipe; há suspeita de aliança entre Tuchinha e Fernandinho Beira-Mar

DA SUCURSAL DO RIO

Apontado pela polícia do Rio como chefe do tráfico no Morro da Mangueira, Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, foi preso ontem em Aracaju. Um dos compositores do samba-enredo da Mangueira deste ano, ele estava foragido e se encontrava há cerca de dois meses no Nordeste.
A prisão foi feita pelo chefe da Delegacia Anti-Seqüestro do Rio de Janeiro, Fernando Moraes, e pela Polícia Federal. Ele estava em companhia da mulher e de uma filha, quando foi localizado numa casa com piscina na capital de Sergipe.
Entre os motivos de sua prisão, está a suspeita de aliança com o traficante Fernandinho Beira-Mar. De acordo com a polícia, o Morro da Mangueira se transformou no principal entreposto de Beira-Mar para a distribuição de maconha e de cocaína provenientes do Paraguai e Colômbia.
No final da tarde de ontem, ele desembarcou no Rio e foi levado para a sede da PF. Dez carros da polícia formaram um comboio para cruzar a cidade com o traficante de 43 anos.
Tuchinha esteve preso no Rio por 17 anos por dois homicídios e foi posto em liberdade condicional em março de 2006. Chegou a se empregar como vendedor em uma loja de tintas, após ser solto. Reapareceu no noticiário, inicialmente, como co-autor de sambas-enredo. Foi também co-autor, com o nome artístico Francisco do Pagode, do samba de outra escola do Grupo Especial, a Porto da Pedra, em 2007.
Escutas telefônicas feitas pelas polícias Civil e Federal revelaram a influência do traficante na escola de samba Estação Primeira de Mangueira, cuja quadra, segundo a investigação policial, teria sido usada para a venda de drogas.
Em janeiro, a polícia descobriu uma passagem secreta na escola que dava acesso ao morro, a partir de um camarote, que seria usada como rota de fuga para o traficante. O então presidente da Mangueira, Percival Pires, e o diretor da bateria, Ivo Meirelles, foram afastados da escola. A direção da escola de samba nega qualquer vínculo com o tráfico.
O advogado Alexandre Dumans, que defendeu Tuchinha até sua soltura, em 2006, qualificou a prisão de covardia. Disse que depois que seu ex-cliente ganhou fama como Francisco do Pagode, compositor de samba, uma trama teria sido engendrada contra ele.
""Uma crueldade, uma coisa nojenta. Estou absolutamente convencido de que ele não é traficante. Pode ter relacionamento com traficantes, porque vive no morro, mas não é dono de boca de fumo. Fosse ele um ator global, o tratamento seria outro, mas é negro e favelado", afirmou Dumans.
Dumans é professor de direito da Universidade Candido Mendes e ex-professor da Universidade do Estado do Rio. Segundo ele, Tuchinha estava regularmente solto depois de cumprir 17 anos de prisão.


Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Vacina contra as drogas
Próximo Texto: Monomotor cai em mata de BH e deixa 4 mortos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.