|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bortolotto era sócio de empresa do lixo, mas nega irregularidade
Secretário investigado abre sigilos
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Infra-Estrutura
Urbana, Roberto Luiz Bortolotto,
decidiu abrir seus sigilos bancário, telefônico e fiscal, para se defender no inquérito que investiga
seu suposto envolvimento na licitação do lixo em São Paulo.
Como a Folha revelou na edição
do dia 10 de março, Bortolotto foi
sócio de uma empresa habilitada
na licitação da gestão Marta Suplicy (PT) que irá escolher dois
responsáveis por contratos de até
R$ 9 bilhões para coleta, transporte, tratamento e destinação final
dos resíduos por até 40 anos.
Ontem, em depoimento ao promotor Fernando Cecchi, o secretário disse não ter vínculo nenhum desde 2000 com uma empresa que participa da licitação, a
LOT Operações Técnicas Ltda.
Documentos da Junta Comercial de São Paulo demonstram
que Bortolotto, secretário desde
2001, constava como diretor da
LOT até 28 de julho do ano passado. De acordo com o secretário,
ele deixou a empresa em 2000, como afirma, mas a alteração só foi
oficializada no registro competente em 2003.
Segundo o promotor Cecchi, o
secretário afirmou que vai liberar
o acesso a toda a sua movimentação bancária e fiscal desde 1999.
No caso do sigilo telefônico, a
análise será a partir de janeiro do
ano passado. A liberação das informações também vai atingir
uma empresa da qual o secretário
é sócio, a RTA Construções Ltda.,
segundo o promotor.
Acompanhado de dois advogados, o secretário disse à Folha que
considera o caso "encerrado". O
depoimento durou duas horas.
Bortolotto, segundo Cecchi, "está
colaborando ao máximo".
Em seu depoimento, o secretário atribuiu o fato de sua saída ter
sido registrada apenas no ano
passado a negligência de Elias
Chamma, proprietário da LOT.
O Ministério Público vai investigar se na documentação entregue
à prefeitura pela LOT para participar da licitação ainda consta o nome de Bortolotto. Quando o secretário deixou oficialmente a
empresa já tinha sido lançado o
edital de licitação, mas o prazo para a entrega dos documentos ainda não havia se encerrado.
Depois de ter acesso a essa documentação, Cecchi deverá convocar o dono da LOT para depor
no inquérito.
(PEDRO DIAS LEITE)
Texto Anterior: Servidora relata três conversas com vice-prefeito Próximo Texto: Urbanidade - Gilberto Dimenstein: O mau aluno que virou mestre Índice
|