São Paulo, terça-feira, 24 de abril de 2007

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MARIA INÊS DOLCI

Insegurança total

A segurança de um país tem mais a ver com garantia do fornecimento de energia e melhorar educação e saúde

SEGURANÇA DE um país, no período da "Guerra Fria" -entre alinhados aos Estados Unidos e partidários da antiga União Soviética- significava reforçar as defesas de cada nação, controlar as informações estratégicas (militares, industriais, tecnológicas), dentre outras medidas. Hoje, obviamente, isso acabou, e os conflitos étnico-religiosos não têm o status de uma Guerra Fria ou Quente.
Por isso, garantir a segurança de um país tem mais a ver com garantia do fornecimento de energia; aperfeiçoar a infra-estrutura; melhorar educação e saúde; colecionar patentes tecnológicas. Além de bancar direitos fundamentais, por intermédio de um Judiciário livre e respeitável, como o direito de ir-e-vir em segurança.
Nesse sentido, qual a segurança do Brasil hoje?
Não podemos sair às ruas sem a ameaça -próxima ou distante- de uma bala perdida. Entrar em uma agência bancária, em São Paulo, neste 2007, é um risco bem maior do que de costume. Viajar de avião, também, pois não nos tranqüiliza nada saber que controladores de vôo e autoridades dessa área estão em uma vigorosa queda-de-braço.
Isso tudo não bastasse, agora, a vizinha Bolívia, do "muy amigo" Evo Morales, nos ameaça com racionamento de gás, esse mesmo que você, leitor, leitora, que tem gás encanado, usa na cozinha de sua casa para preparar alimentos.
Faltaram avisos sobre quaisquer das ameaças citadas acima? Não, sobraram advertências. As autoridades se prepararam, com planos contingenciais para enfrentá-las? Não, nem de longe.
Realmente, a única velocidade administrativa que bate todos os recordes, no Brasil, é a sanha arrecadatória em cima de um só segmento, conhecido como classe média.
Estamos, aliás, vivendo a era da chantagem. Sindicatos e centrais sindicais manipulam filiados para fazer "paralisações" de advertência contra a derrubada do veto do presidente Lula à emenda número 3, aquela que só dizia que fiscal é fiscal, juiz é juiz, na hora de definir se uma PJ (Pessoa Jurídica) atua ou não como empregado em uma empresa. Veto que o Congresso Nacional, aliás, parece ter esquecido em meio às suas preocupações com prioridades, como planos de saúde para jornalistas que cobrem a casa.
Uma dessas "advertências" foi feita por metroviários e profissionais de empresas de ônibus urbano na cidade de São Paulo, ontem, prejudicando milhões, em prol de interesses meramente políticos de dirigentes sindicais.
Sempre podemos recorrer ao Judiciário, é claro. Mas este poder também sofreu abalos com as Operações Hurricane (Furacão) e Têmis, da Polícia Federal, na devassa contra juízes sob suspeita de vender decisões, e os que exploram bingos e caça-níqueis. O Judiciário deve, à sociedade brasileira, a apuração de suas mazelas internas, para que tenhamos certeza absoluta de que as sentenças recebidas nos mais variados julgamentos nos beneficiem ou prejudiquem em função da lei. Somente da observação da lei, e nada mais. Tenho medo, e me sinto insegura, em meio a tudo isso. E você?


NA INTERNET - http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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