São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reposição de aula ameaça as férias nas universidades

DA REPORTAGEM LOCAL

DA FOLHA CAMPINAS

A greve das universidades públicas já ameaça as férias deste ano, e os alunos da USP, da Unesp e da Unicamp podem ter aulas em julho e dezembro para repor os dias parados.
Amanhã a greve completa um mês. Sem avanço nas negociações entre reitores e servidores, a paralisação atinge 90% das três universidades. Serão 21 dias úteis sem aulas, que, pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), não podem ser perdidos. A LDB determina que o ano letivo tenha 200 dias.
"A reposição nem foi discutida. Os professores têm de voltar às aulas primeiro", disse a pró-reitora de graduação da USP, Ada Pelegrini Grinover.
"Atualmente, é possível escolher a reposição para julho ou dezembro. Se a greve se prolongar, a reposição pegará os dois períodos", disse Grinover.
Segundo a pró-reitora, o calendário tem folga para três meses de reposição. "Se a greve durar mais do que isso, já avança no ano letivo de 2001", afirmou ela. O vestibular não fica ameaçado. O que pode mudar é o início das aulas, previsto para começar na última semana de fevereiro.
"Até o momento, não discutimos a reposição. Mas os alunos já manifestam preocupação. Nas assembléias, muitos perguntam: "E aí, como vai ficar o calendário?'", disse Alexandre Nohara, do comando de greve dos alunos.
Entre os professores, o tema reposição ainda não foi tocado. "Nunca se faz essa discussão durante a greve", disse Marcos Nobre, vice-presidente da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp). "É um assunto para ser discutido na volta às aulas", completou ele.
Os estudantes apóiam a greve. "Até agora, não houve avanços nas negociações. Não é o momento de pressionar os professores. É hora de aumentar a mobilização. Depois discutiremos com calma a reposição", disse Nohara.
"Se não fizermos uma reposição séria, nossa luta pela qualidade vai por água abaixo. Uma reposição "meia-boca" seria contraditória", completou o estudante.
No HU (Hospital Universitário) da USP o atendimento não foi afetado. No entanto, as clínicas veterinária e odontológica só atendem casos de emergência.
Ontem a Escola Politécnica e a escola de agricultura de Piracicaba aderiram à greve. A paralisação chega, respectivamente, a 70% e 30% nas duas unidades, segundo o sindicato e a reitoria.

Reunião
Em reunião com técnicos das reitorias, ontem, o Fórum das Seis, que reúne os sindicatos de professores e funcionários das universidades, propôs a redução do reajuste de 25% para 20% e mais 12% parcelados até abril do próximo ano.
Os reitores mantiveram os 7% sobre o salário de abril e os 3,75% para janeiro de 2001.
A reunião técnica marcada para a manhã só aconteceu no final da tarde, porque não houve acordo no número de participantes. As reitorias queriam seis representantes. O fórum exigia o quórum habitual de dois por sindicato. Depois de horas, conseguiu.

Multa
O STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) pode ser multado em R$ 1.000 por dia se continuar atrasando a entrada de pacientes e funcionários no HC (Hospital de Clínicas).
A multa preventiva foi autorizada por uma liminar da 4ª Vara da Fazenda Pública, a pedido da reitoria da Unicamp.
O STU anunciou que vai recorrer da sentença.


Texto Anterior: Em Campinas, 4.500 deixam de ser atendidos
Próximo Texto: Manifestação nos Bandeirantes preocupa comandante da PM
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.