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MEDICAMENTOS
Governo aceitou sugestão de comissão, diz relator
Laboratórios vão pagar multa maior por abuso de preço
VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O governo aceitou sugestão da
CPI dos Medicamentos e vai aumentar as multas contra empresas que aumentarem preços sem
justificativa, disse o relator Ney
Lopes (PFL-RN). Ele afirmou que
foi informado da medida em café
da manhã com o secretário de
Acompanhamento Econômico,
Cláudio Considera.
Atualmente, a multa vai de
5.000 Ufirs até 20 vezes esse valor,
dependendo da gravidade da
transgressão. Considera, segundo
Lopes, aceitou recomendação de
elevar o valor mínimo para 30 mil
Ufirs. A maior multa seria, também, 20 vezes o valor da menor.
O governo já havia aceitado
obrigar os laboratórios a justificar
previamente os aumentos de preços que tencionavam fazer. O prazo para a comunicação ao Ministério da Fazenda será de 30 dias,
afirmou ontem o secretário-adjunto da Seae, Paulo Corrêa.
Hoje, os laboratórios informam
os novos preços ao Ministério da
Fazenda dez dias depois de começarem a praticá-los. Para mudar o
prazo, será editada uma portaria
do ministro da Fazenda, Pedro
Malan. "Nós precisamos de tempo para fazer os cálculos e verificar se os custos informados pelas
planilhas das empresas realmente
aumentaram, justificando os aumentos", disse Corrêa.
O relatório de Lopes foi apresentado ontem ao plenário da CPI
dos Medicamentos, que foi instalada há seis meses para investigar
abuso de preços de medicamentos e insumos hospitalares. O parecer será votado dia 30 de maio.
Os deputados acordaram que farão debates e apresentarão emendas até sexta-feira.
Com 370 páginas, o documento
aponta prática de cartel e de abuso de preços e repassa aos poderes
Executivo e Judiciário a responsabilidade de investigar e punir.
Lopes utilizou listas de acompanhamento de preços elaboradas
pelos ministérios da Saúde e da
Fazenda para embasar a conclusão de que são cobrados preços
"excessivos" por remédios no
país. Nessas listas, são indicadas
variações nominais de preços de
até 347,55%.
A própria comissão pediu abertura de processos administrativos
contra as empresas responsáveis
pelos aumentos. Na SDE (Secretaria de Direito Econômico), tramitam três processos.
A evidência de cartel contra remédios genéricos apontada no relatório é uma reunião de 21 laboratórios que tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados pela comissão. Os dados de todas as empresas não chegaram a ser analisados pela comissão.
A maior parte do relatório é dedicada a recomendações de medidas ao governo federal para baixar preços. Lopes propõe a centralização das compras do SUS
pelo governo federal, como na
época da extinta Ceme (Central
de Medicamentos).
O relator recomenda a realização de concorrências internacionais para abastecer o SUS quando
perceber abusividade de preços
de determinados medicamentos
ou desabastecimento.
Genéricos
Cinco novos medicamentos genéricos, entre eles três deles antibióticos injetáveis, devem começar a chegar às distribuidoras em
30 dias. Os novos medicamentos
são Metoclopramida, Amicacina,
Lincomicina, Aminofilina e Cefalotina. Serão fabricados pelo laboratório EMS Indústria Farmacêutica, instalado em Hortolândia
(região de Campinas).
Colaborou a Folha Campinas
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