São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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SEGURANÇA

Presídio em Presidente Bernardes é o único com bloqueio de celular em SP; chefes do PCC serão indiciados por atentados

Líderes são isolados em prisão do interior

DA REPORTAGEM LOCAL

Os 25 principais líderes do PCC serão isolados na Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de São Paulo), o único presídio do Estado equipado com aparelho bloqueador de celular.
Antes disso, eles serão ouvidos no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Pelos menos dois líderes serão indiciados como responsáveis pela série de atentados contra prédios e carros públicos neste ano.
Houve 14 ataques desde janeiro, com quatro mortos e 17 feridos, a partir de ordens vinda de dentro das prisões, segundo a polícia.
Em uma dessas ações, uma granada foi jogada em frente à Secretaria da Administração Penitenciária, em fevereiro, ferindo cinco pessoas. Em outra, um agente prisional morreu e sete ficaram feridos em uma emboscada contra um ônibus de funcionários do presídio de São Vicente, no litoral.
A transferência para Presidente Bernardes atinge nomes conhecidos do PCC, como José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, e fundadores da facção que haviam sido isolados no Paraná, em 98, após uma série de rebeliões em São Paulo.
Segundo a polícia, a operação de ontem serviu para impedir que os ""soldados" do PCC começassem rebeliões simultâneas durante as transferências.
Em fevereiro de 2001, a megarrebelião começou dois dias após a transferência dos principais líderes do PCC, da Casa de Detenção de São Paulo, no complexo do Carandiru, para a Casa de Custódia de Taubaté (Vale do Paraíba).
Na época, o sucesso da mobilização dos presos, que conseguiram tomar 29 prisões no Estado, foi atribuída ao celular.
A unidade de Presidente Bernardes, inaugurada em abril, tem capacidade para 160 detentos e foi construída para funcionar como o Anexo de Taubaté -com regime de segurança rígida, para presos considerados problemáticos.
O bloqueador de celular da prisão interfere no sinal emitido pelo aparelho, impedindo que alguém converse, por meio desse tipo de telefone, com outra pessoa do lado de fora da prisão.
Ontem, os 25 líderes estavam confinados na carceragem do Deic, na capital, sob forte esquema de segurança, aguardando a definição da data em que serão transferidos em avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para o interior. A remoção deve acontecer após eles prestarem depoimento sobre a série de atentados.
Em 15 dias, a Secretaria da Administração Penitenciária espera abrir licitação para a compra de bloqueadores de celular para mais 20 presídios estaduais, considerados os mais problemáticos. Há 81 presídios de regime fechado no Estado hoje, que abrigam 64 mil detentos.
A estimativa é que os bloqueadores sejam instalados nos próximos três meses, a um custo entre R$ 70 mil e R$ 110 mil cada. O sistema de Presidente Bernardes custou cerca de R$ 93 mil.
A polêmica sobre o bloqueio de celulares se arrasta desde a megarrebelião do ano passado. O governo do Estado precisava do aval da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações ) para comprar os equipamentos, cuja eficácia precisava ser atestada e regulamentada antes da abertura da licitação. (ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)

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