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SEGURANÇA
Presídio em Presidente Bernardes é o único com bloqueio de celular em SP; chefes do PCC serão indiciados por atentados
Líderes são isolados em prisão do interior
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 25 principais líderes do PCC
serão isolados na Penitenciária de
Presidente Bernardes (589 km de
São Paulo), o único presídio do
Estado equipado com aparelho
bloqueador de celular.
Antes disso, eles serão ouvidos
no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Pelos menos dois líderes serão indiciados como responsáveis
pela série de atentados contra prédios e carros públicos neste ano.
Houve 14 ataques desde janeiro,
com quatro mortos e 17 feridos, a
partir de ordens vinda de dentro
das prisões, segundo a polícia.
Em uma dessas ações, uma granada foi jogada em frente à Secretaria da Administração Penitenciária, em fevereiro, ferindo cinco
pessoas. Em outra, um agente prisional morreu e sete ficaram feridos em uma emboscada contra
um ônibus de funcionários do
presídio de São Vicente, no litoral.
A transferência para Presidente
Bernardes atinge nomes conhecidos do PCC, como José Márcio
Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, e fundadores da facção que haviam sido isolados no Paraná, em 98,
após uma série de rebeliões em
São Paulo.
Segundo a polícia, a operação
de ontem serviu para impedir que
os ""soldados" do PCC começassem rebeliões simultâneas durante as transferências.
Em fevereiro de 2001, a megarrebelião começou dois dias após a
transferência dos principais líderes do PCC, da Casa de Detenção
de São Paulo, no complexo do Carandiru, para a Casa de Custódia
de Taubaté (Vale do Paraíba).
Na época, o sucesso da mobilização dos presos, que conseguiram tomar 29 prisões no Estado,
foi atribuída ao celular.
A unidade de Presidente Bernardes, inaugurada em abril, tem
capacidade para 160 detentos e foi
construída para funcionar como
o Anexo de Taubaté -com regime de segurança rígida, para presos considerados problemáticos.
O bloqueador de celular da prisão interfere no sinal emitido pelo
aparelho, impedindo que alguém
converse, por meio desse tipo de
telefone, com outra pessoa do lado de fora da prisão.
Ontem, os 25 líderes estavam
confinados na carceragem do
Deic, na capital, sob forte esquema de segurança, aguardando a
definição da data em que serão
transferidos em avião da FAB
(Força Aérea Brasileira) para o interior. A remoção deve acontecer
após eles prestarem depoimento
sobre a série de atentados.
Em 15 dias, a Secretaria da Administração Penitenciária espera
abrir licitação para a compra de
bloqueadores de celular para
mais 20 presídios estaduais, considerados os mais problemáticos.
Há 81 presídios de regime fechado
no Estado hoje, que abrigam 64
mil detentos.
A estimativa é que os bloqueadores sejam instalados nos próximos três meses, a um custo entre
R$ 70 mil e R$ 110 mil cada. O sistema de Presidente Bernardes
custou cerca de R$ 93 mil.
A polêmica sobre o bloqueio de
celulares se arrasta desde a megarrebelião do ano passado. O governo do Estado precisava do aval
da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações ) para comprar os equipamentos, cuja eficácia precisava ser atestada e regulamentada antes da abertura da licitação.
(ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)
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