São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Manifestos expõem divisão dentro da USP

Invasão motivou moções em apoio ou crítica aos estudantes e mostrou diferentes posições em uma mesma faculdade, a FFLCH

Professores como Antonio Candido e Emir Sader apóiam os alunos; os diretores da FFLCH, Gabriel Cohn, e da FAU, Sylvio Sawaya, criticam


DA REPORTAGEM LOCAL

A invasão da reitoria fez com que membros da comunidade universitária passassem a assinar manifestos ou moções que explicitam uma divisão na USP.
As diferentes listas podem ser vistas no site oficial da universidade (www.usp.br).
Uma delas, com 304 nomes, apóia os manifestantes: "Nós, abaixo-assinados, professores da Universidade de São Paulo, unimo-nos a todos aqueles que, preocupados com a manutenção e ampliação democráticas do ensino, pesquisa e extensão das universidades públicas, têm empreendido lutas contra os decretos do governo Serra, os quais inviabilizam a autonomia universitária".
Outro trecho diz: "Refutamos qualquer ação violenta de desocupação do prédio, tendo em vista a justeza de sua causa política em defesa da universidade pública".
Estão nesse manifesto professores como Alfredo Bosi, do IEB (Instituto de Estudos Avançados), Antonio Candido e Emir Sader, ambos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), e Sérgio Buarque de Hollanda Filho, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Cerca de metade dessa lista é assinada por docentes da FFLCH. Uma moção aprovada pela congregação da faculdade mostra que há divisão dentro da própria escola, uma vez que o texto condena a invasão.
A congregação representa a posição institucional da faculdade e reúne cerca de 40 pessoas, entre professores, funcionários, estudantes e chefes de departamento -que são eleitos. O texto foi aprovado por unanimidade.
A moção afirma que o órgão demonstra "absoluto repúdio à invasão do prédio da reitoria". Para a entidade, "a violência [...] não pode substituir o recurso à palavra" e "somente o diálogo e a negociação são capazes de deter a destruição do patrimônio da sociedade".
O texto é assinado pelo diretor da faculdade e presidente da congregação, Gabriel Cohn. Procurado pela Folha, ele preferiu não se manifestar sobre a divergência entre a posição da congregação e dos docentes que assinam a lista de apoio aos manifestantes.
Outro manifesto também contrário à invasão, assinado por 52 dirigentes da USP (entre diretores e pró-reitores), apóia a reitora Suely Vilela.
O documento foi motivado pelo fato de a reitora ter apresentado, na última segunda-feira, a proposta de criação de uma comissão de 16 pessoas, sendo oito professores e oito funcionários ou estudantes, para analisar os 17 pontos reivindicados pelos estudantes.
"É uma proposta emblemática, porque mostra a disposição da reitora para que haja o fim da ocupação", disse o diretor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), Sylvio Sawaya, 64, um dos signatários do documento. (FÁBIO TAKAHASHI)


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