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Manifestos expõem divisão dentro da USP
Invasão motivou moções em apoio ou crítica aos estudantes e mostrou diferentes posições em uma mesma faculdade, a FFLCH
Professores como Antonio Candido e Emir Sader apóiam os alunos; os diretores da FFLCH, Gabriel Cohn, e da FAU, Sylvio Sawaya, criticam
DA REPORTAGEM LOCAL
A invasão da reitoria fez com
que membros da comunidade
universitária passassem a assinar manifestos ou moções que
explicitam uma divisão na USP.
As diferentes listas podem
ser vistas no site oficial da universidade (www.usp.br).
Uma delas, com 304 nomes,
apóia os manifestantes: "Nós,
abaixo-assinados, professores
da Universidade de São Paulo,
unimo-nos a todos aqueles que,
preocupados com a manutenção e ampliação democráticas
do ensino, pesquisa e extensão
das universidades públicas,
têm empreendido lutas contra
os decretos do governo Serra,
os quais inviabilizam a autonomia universitária".
Outro trecho diz: "Refutamos qualquer ação violenta de
desocupação do prédio, tendo
em vista a justeza de sua causa
política em defesa da universidade pública".
Estão nesse manifesto professores como Alfredo Bosi, do
IEB (Instituto de Estudos
Avançados), Antonio Candido
e Emir Sader, ambos da
FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), e Sérgio Buarque de Hollanda Filho, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Cerca de metade dessa lista é
assinada por docentes da
FFLCH. Uma moção aprovada
pela congregação da faculdade
mostra que há divisão dentro
da própria escola, uma vez que
o texto condena a invasão.
A congregação representa a
posição institucional da faculdade e reúne cerca de 40 pessoas, entre professores, funcionários, estudantes e chefes de
departamento -que são eleitos. O texto foi aprovado por
unanimidade.
A moção afirma que o órgão
demonstra "absoluto repúdio à
invasão do prédio da reitoria".
Para a entidade, "a violência
[...] não pode substituir o recurso à palavra" e "somente o diálogo e a negociação são capazes
de deter a destruição do patrimônio da sociedade".
O texto é assinado pelo diretor da faculdade e presidente
da congregação, Gabriel Cohn.
Procurado pela Folha, ele preferiu não se manifestar sobre a
divergência entre a posição da
congregação e dos docentes
que assinam a lista de apoio aos
manifestantes.
Outro manifesto também
contrário à invasão, assinado
por 52 dirigentes da USP (entre
diretores e pró-reitores), apóia
a reitora Suely Vilela.
O documento foi motivado
pelo fato de a reitora ter apresentado, na última segunda-feira, a proposta de criação de
uma comissão de 16 pessoas,
sendo oito professores e oito
funcionários ou estudantes,
para analisar os 17 pontos reivindicados pelos estudantes.
"É uma proposta emblemática, porque mostra a disposição
da reitora para que haja o fim
da ocupação", disse o diretor da
FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), Sylvio Sawaya, 64, um dos signatários do
documento.
(FÁBIO TAKAHASHI)
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