São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Turbina de avião da Gol pega fogo logo após a decolagem

Boeing com 150 passageiros seguia para Montevidéu e teve que voltar ao aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo)

Em nota, empresa atribui incidente a um pássaro que entrou em turbina, mas afirma que o pouso em Cumbica foi normal


DA REPORTAGEM LOCAL

Um vôo da Gol que ia de São Paulo para Montevidéu (Uruguai), com escala em Porto Alegre (RS), teve pane na turbina esquerda, seguida de incêndio. O problema, no vôo 7486, foi por volta de 23h50, cinco minutos depois de a aeronave decolar com 150 passageiros. Segundo relatos, houve pânico a bordo. O comandante informou ter havido uma "descompressão no motor", afirmam passageiros. O avião sobrevoou por cerca de 30 minutos o litoral de Santos (SP) antes de voltar a Cumbica.
Em nota, a Gol atribuiu o incidente a um pássaro que entrou em uma das turbinas. "Não houve interrupção do funcionamento da turbina, e o pouso em Guarulhos foi feito em condições normais." À Folha, a Gol não quis dar mais detalhes e sequer disse o modelo da aeronave, um Boeing-737/800 igual ao que caiu na Amazônia em 29 de setembro e deixou 154 mortos.
A explicação técnica de engenheiros de vôo ouvidos pela reportagem: no jargão da engenharia aeronáutica, houve um "stoll de compressor". Com o motor em alta potência, ou com pouco menos força e em turbulência a grande altitude, pode haver entradas diferentes de ar nas turbinas.
Nesse caso, a quantidade de ar que entra não é maior do que a quantidade de ar que sai. E quando a massa de ar passa, há um estouro, que gera muita pressão na câmara, explicam engenheiros, que dizem ainda ter 99% de certeza de ter sido esse o motivo do incidente.
A Gol disse que não comentaria a versão dos especialistas em segurança de vôo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e que sustenta a versão de colisão com ave.
Segundo passageiros, houve um barulho seqüencial semelhante ao estouro de canhão. "Foi quando surgiu o pânico das pessoas em relação ao que poderia ter acontecido. Estava do lado direito, na poltrona 17, bem próximo da asa", diz Leandro Lehart, 35, ex-vocalista do grupo de pagode Art Popular.
Como havia acabado de decolar, o Boeing-737/800 da Gol estava acima do peso permitido para pouso. O comandante teve então de voar em círculos para queimar combustível. Foi ao litoral para não atrapalhar o tráfego aéreo de Cumbica.
O empresário artístico Cícero Carpentieri diz que um dos passageiros do avião foi até a Anac para registrar uma queixa e o servidor que o atendeu informou que dezenas de pessoas tinham ligado avisando que viram uma explosão no ar. "Foi horrível, o avião deu um tranco forte e subiu um fogaréu do tamanho da aeronave."


Colaborou MARTHA ALVES, da Agência Folha

Texto Anterior: Greve da PF provoca fila de 500 metros no aeroporto de Cumbica
Próximo Texto: "Veio à lembrança a história do vôo 1907", diz cantor que estava entre passageiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.