São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Foco

Promotor quer retirar famílias que vivem em vagões abandonados

MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O trabalhador rural Raimundo Tomás, 59, poderá ter de deixar o vagão de trem onde mora há 20 anos com a família, em São Simão (285 km de SP), por causa de uma ação civil pública movida pela Promotoria devido às condições precárias do local.
Sem água, luz ou coleta de esgoto, Tomás divide o vagão abandonado pela Fepasa com a mulher, quatro filhos e um neto. Como ele, mais duas famílias invadiram vagões e fizeram deles suas casas. Os antigos galpões da estação da Fepasa, desativada em 1972, também viraram residências improvisadas. No total, seis famílias vivem em condições subumanas no entorno da estação. Os vagões ficam a cerca de 200 m da linha de trem, onde ainda circulam por dia ao menos dois trens de carga.

Retirada
O promotor Tiago Cintra Essado pede à Justiça que mande a prefeitura retirar todas as pessoas dos vagões e da estação. Ontem, o promotor visitou as moradias e conversou com os invasores.
Na ação, Essado exige que o prefeito de São Simão, Marcelo Aparecido dos Santos (PSDB), explique em 20 dias quais políticas habitacionais já foram adotadas em relação às famílias e determina que elas sejam levadas para outros locais. "Não existe condição nenhuma de sobrevivência no local. Isso pode ser caracterizado como omissão."
Todos os vagões estão semidestruídos e servem de quarto, sala e cozinha. O banheiro -fossa- fica do lado de fora. Segundo Cristiano Aparecido Luiz, diretor da Vigilância Sanitária, há risco iminente de doenças.
O prefeito de São Simão disse que, como a área onde as famílias estão não é da prefeitura, ele não pode fazer nada para resolver o problema. Ele afirmou ainda que, mesmo que a prefeitura seja obrigada pela Justiça a retirar as famílias, não há condição financeira para dar casa para todos os invasores.
A Brasil-Ferrovias informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a área da malha ferroviária de São Simão pertencia a ALL (América Latina Logística do Brasil). A ALL, por sua vez, disse que a administração cabe à FCA (Ferrovia Centro-Atlântica). A FCA negou ser a responsável pela área.
No processo de desestatização, a assessoria da Brasil-Ferrovias disse que nem todas as concessionárias ficam responsáveis pelas construções ao redor das estações.


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