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Altura aumenta até 10 cm em 28 anos
Apesar da maior estatura, crianças brasileiras permanecem mais baixas do que a referência do padrão internacional
Segundo especialistas, principal motivo foi a melhoria nas condições de oferta de alimentos e de nutrição da população
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em 28 anos, as crianças e
adolescentes brasileiros ficaram mais altos, apesar de ainda
estarem abaixo do padrão internacional. De 1974/1975 a
2002/2003, o ganho foi de 10
centímetros para os meninos
de 14 anos. Chegou a 7,1 cm para os de 10 anos e a 6,9 cm para
os de 7 anos.
Mais velhos e nascidos em
um período no qual o país ainda
não colhia tanto os efeitos positivos da maior oferta de alimentos, os garotos de 18 anos
avançaram 4,6 cm.
Apesar dos ganhos, crianças
e jovens brasileiros ainda são
mais baixos do que os padrões
de referência internacional. Os
garotos estão 1,5 cm abaixo na
faixa de 7 anos, e 2,6 cm no caso
das meninas, crescendo progressivamente a diferença de
acordo com a idade.
A altura média dos jovens de
18 anos do sexo masculino, por
exemplo, é de 1,71 m -5 cm a
menos do que a referência. Já a
das garotas estava em 1,60m, 3
cm a menos do que o padrão.
A evolução mostra que o país
avança para uma maior convergência em relação aos padrões
internacionais. O ganho de altura das crianças e adolescentes do Brasil é significativo, a
julgar a evolução de outros países hoje desenvolvidos que
também apresentavam déficits
de altura nas primeiras décadas
do século passado.
Mais ainda quando se observa que houve um avanço de 2
cm a 2,5 cm em cada década. É
muito superior ao ganho de 1
cm a cada dez anos chamado de
secular -relacionado à tendência de crescimento do gênero
humano a cada geração.
Para Carlos Augusto Monteiro, professor da Faculdade de
Medicina da USP, a maior altura da população jovem do país
está diretamente relacionada à
melhora da nutrição.
"A genética não muda num
período curto. O que muda é a
melhora a nutrição, que determina diretamente o crescimento." Além da nutrição, diz,
também melhoraram as condições de saúde.
De acordo com o presidente
do IBGE, Eduardo Nunes, há
ainda o efeito da expansão da
oferta de alimentos e seu conseqüente barateamento, tornando mais fácil o acesso.
Ana Beatriz Vasconcellos,
coordenadora de Alimentação
e Nutrição do Ministério da
Saúde, recorda que especialmente nos anos 70 houve um
forte crescimento econômico,
que fez crescer a renda e melhorar o acesso ao alimento.
Assim como a desnutrição e o
excesso de peso, a altura está
fortemente relacionada ao nível de renda. Na faixa de renda
de até meio salário mínimo, os
jovens de 19 anos tinham mediana de altura de 1,68m. Ela
subia para 1,74 m na de mais de
cinco salários mínimos.
Exemplo do crescimento da
população, a fisioterapeuta
Monize Amorim, 28, aos 12
anos, já era maior do que a mãe,
a esteticista Ivone Ferreira
Barros, 51. "A minha mãe é do
Nordeste, tinha uma dieta diferente. Passou por muita dificuldade, passou até fome. Eu sempre comi melhor, nasci em São
Paulo", disse Monize, hoje com
1,63 m -a mãe tem 1,54.
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