São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Altura aumenta até 10 cm em 28 anos

Apesar da maior estatura, crianças brasileiras permanecem mais baixas do que a referência do padrão internacional

Segundo especialistas, principal motivo foi a melhoria nas condições de oferta de alimentos e de nutrição da população


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em 28 anos, as crianças e adolescentes brasileiros ficaram mais altos, apesar de ainda estarem abaixo do padrão internacional. De 1974/1975 a 2002/2003, o ganho foi de 10 centímetros para os meninos de 14 anos. Chegou a 7,1 cm para os de 10 anos e a 6,9 cm para os de 7 anos.
Mais velhos e nascidos em um período no qual o país ainda não colhia tanto os efeitos positivos da maior oferta de alimentos, os garotos de 18 anos avançaram 4,6 cm.
Apesar dos ganhos, crianças e jovens brasileiros ainda são mais baixos do que os padrões de referência internacional. Os garotos estão 1,5 cm abaixo na faixa de 7 anos, e 2,6 cm no caso das meninas, crescendo progressivamente a diferença de acordo com a idade.
A altura média dos jovens de 18 anos do sexo masculino, por exemplo, é de 1,71 m -5 cm a menos do que a referência. Já a das garotas estava em 1,60m, 3 cm a menos do que o padrão.
A evolução mostra que o país avança para uma maior convergência em relação aos padrões internacionais. O ganho de altura das crianças e adolescentes do Brasil é significativo, a julgar a evolução de outros países hoje desenvolvidos que também apresentavam déficits de altura nas primeiras décadas do século passado.
Mais ainda quando se observa que houve um avanço de 2 cm a 2,5 cm em cada década. É muito superior ao ganho de 1 cm a cada dez anos chamado de secular -relacionado à tendência de crescimento do gênero humano a cada geração.
Para Carlos Augusto Monteiro, professor da Faculdade de Medicina da USP, a maior altura da população jovem do país está diretamente relacionada à melhora da nutrição.
"A genética não muda num período curto. O que muda é a melhora a nutrição, que determina diretamente o crescimento." Além da nutrição, diz, também melhoraram as condições de saúde.
De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, há ainda o efeito da expansão da oferta de alimentos e seu conseqüente barateamento, tornando mais fácil o acesso.
Ana Beatriz Vasconcellos, coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, recorda que especialmente nos anos 70 houve um forte crescimento econômico, que fez crescer a renda e melhorar o acesso ao alimento.
Assim como a desnutrição e o excesso de peso, a altura está fortemente relacionada ao nível de renda. Na faixa de renda de até meio salário mínimo, os jovens de 19 anos tinham mediana de altura de 1,68m. Ela subia para 1,74 m na de mais de cinco salários mínimos.
Exemplo do crescimento da população, a fisioterapeuta Monize Amorim, 28, aos 12 anos, já era maior do que a mãe, a esteticista Ivone Ferreira Barros, 51. "A minha mãe é do Nordeste, tinha uma dieta diferente. Passou por muita dificuldade, passou até fome. Eu sempre comi melhor, nasci em São Paulo", disse Monize, hoje com 1,63 m -a mãe tem 1,54.


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