São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Desnutrição cai para 4,6% em quase 30 anos, mas ainda atinge 723 mil no país

DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil conseguiu, em quase 30 anos, cortar a desnutrição a menos de um terço. O problema afetava 16,6% da população com até cinco anos. Esse percentual baixou para 4,6% em 2002-2003, segundo dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), divulgados ontem pelo IBGE. Em todo o país, as crianças desnutridas somam 723,4 mil.
Nas áreas rurais, onde o problema era mais grave, a queda foi ainda mais intensa. O percentual de crianças com déficit de peso caiu de 20,7%, em 1974-1975, para 5,6%, em 2002-2003. Nas urbanas, a cifra caiu de 12,9% para 4,3%.
Com o recuo, o país avançou um degrau na escala de intensidade da desnutrição, que era tida como moderada (de 10% a 20%) há 28 anos e passou a ser considerada como relativamente baixa (menos de 10%).
Apesar de ter um PIB e um nível de renda mais alto, o Brasil está na mesma categoria de países como Venezuela e Colômbia, cujos percentuais de desnutrição em 2000 estavam em 6,2% e 6,7%, respectivamente. Na Etiópia, chegava a 47,2%. Na Angola, a 30,5%.
Coordenadora da Pastoral da Criança, entidade ligada à Igreja Católica, Zilda Arns, disse à Folha que, de fato, a desnutrição está caindo no país. O problema afetava 9% das crianças atendidas em 1997 -eram 1 milhão de beneficiários do programa naquela época. Hoje, o percentual baixou para 4%.

Pesquisa
Durante a fase de coleta dos dados, o IBGE enfrentou problemas que acabaram por distorcer alguns dados especialmente referentes à altura de crianças mais jovens. E o resultado foi um retrocesso em relação aos levantamentos de 1974-1975 e 1989. No caso das crianças de até 1 ano, por exemplo, a estatura mediana era de 64 cm em 1989. Passou para 63,6 cm em 2002-2003, contrariando todas as expectativas. Na faixa de 5 anos, por sua vez, houve um pequeno avanço -de 108,3 cm para 109,9 cm.
O provável erro ocorre porque o IBGE usou o equipamento e métodos inadequados para medir crianças, especialmente as mais novas. Fez uso de trenas de metal e de apenas um pesquisador, quando deveria tê-las medido em mesas, com dois profissionais (um só para esticar os joelhos da crianças).
Com o método inadequado, a altura pode ter sido subestimada principalmente nas faixas de menor idade. Por isso, o IBGE não centrou suas análises de estatura abaixo dos 10 anos.
A POF foi feita em 2002 e 2003 e pesquisou o padrão de consumo do brasileiro. Serve de referência para atualizar índices de preços, mas também para medir a pobreza sobre o aspecto do consumo e permite ainda análises de peso, altura e situação nutricional. (PS)


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