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Desnutrição cai para 4,6% em quase 30 anos, mas ainda atinge 723 mil no país
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil conseguiu, em quase
30 anos, cortar a desnutrição a
menos de um terço. O problema afetava 16,6% da população
com até cinco anos. Esse percentual baixou para 4,6% em
2002-2003, segundo dados da
POF (Pesquisa de Orçamentos
Familiares), divulgados ontem
pelo IBGE. Em todo o país, as
crianças desnutridas somam
723,4 mil.
Nas áreas rurais, onde o problema era mais grave, a queda
foi ainda mais intensa. O percentual de crianças com déficit
de peso caiu de 20,7%, em 1974-1975, para 5,6%, em 2002-2003. Nas urbanas, a cifra caiu
de 12,9% para 4,3%.
Com o recuo, o país avançou
um degrau na escala de intensidade da desnutrição, que era tida como moderada (de 10% a
20%) há 28 anos e passou a ser
considerada como relativamente baixa (menos de 10%).
Apesar de ter um PIB e um
nível de renda mais alto, o Brasil está na mesma categoria de
países como Venezuela e Colômbia, cujos percentuais de
desnutrição em 2000 estavam
em 6,2% e 6,7%, respectivamente. Na Etiópia, chegava a
47,2%. Na Angola, a 30,5%.
Coordenadora da Pastoral da
Criança, entidade ligada à Igreja Católica, Zilda Arns, disse à
Folha que, de fato, a desnutrição está caindo no país. O problema afetava 9% das crianças
atendidas em 1997 -eram 1 milhão de beneficiários do programa naquela época. Hoje, o
percentual baixou para 4%.
Pesquisa
Durante a fase de coleta dos
dados, o IBGE enfrentou problemas que acabaram por distorcer alguns dados especialmente referentes à altura de
crianças mais jovens. E o resultado foi um retrocesso em relação aos levantamentos de 1974-1975 e 1989. No caso das crianças de até 1 ano, por exemplo, a
estatura mediana era de 64 cm
em 1989. Passou para 63,6 cm
em 2002-2003, contrariando
todas as expectativas. Na faixa
de 5 anos, por sua vez, houve
um pequeno avanço -de 108,3
cm para 109,9 cm.
O provável erro ocorre porque o IBGE usou o equipamento e métodos inadequados para
medir crianças, especialmente
as mais novas. Fez uso de trenas de metal e de apenas um
pesquisador, quando deveria
tê-las medido em mesas, com
dois profissionais (um só para
esticar os joelhos da crianças).
Com o método inadequado, a
altura pode ter sido subestimada principalmente nas faixas de
menor idade. Por isso, o IBGE
não centrou suas análises de estatura abaixo dos 10 anos.
A POF foi feita em 2002 e
2003 e pesquisou o padrão de
consumo do brasileiro. Serve
de referência para atualizar índices de preços, mas também
para medir a pobreza sobre o
aspecto do consumo e permite
ainda análises de peso, altura e
situação nutricional.
(PS)
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