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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/CUSTOS
Governo diz que passagens terão aumento
Reajuste deverá ocorrer em conseqüência das medidas anunciadas para reduzir o movimento no aeroporto de Congonhas
Presidente da Infraero não adiantou, no entanto, qual a porcentagem de aumento que as tarifas aéreas
do país deverão sofrer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE
Três dias após anunciar medidas para reduzir o tráfego aéreo em Congonhas, o governo
avaliou ontem que o efeito colateral dessas propostas deve
recair sobre os passageiros:
prevê-se um aumento no preço
das passagens aéreas e transtornos aos usuários, que terão
de usar outros aeroportos.
O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, disse ontem
que a prioridade do governo federal será garantir a segurança
dos passageiros -mesmo que
isso traga reflexos nas tarifas.
"Segurança tem que vir em
primeiro lugar. Eu não disse
que o aeroporto estava inseguro, mas chegou a hora de tomar
medidas cautelares e isso pode
significar, sim, um aumento de
preços para os passageiros, que
terão que pagar um pouco mais
pela sua segurança", afirmou.
Pereira evitou adiantar, no
entanto, o percentual do reajuste que deve atingir os passageiros. Mas disse acreditar que
o aumento não será brusco. "O
preço das passagens é caro, mas
houve um barateamento forte
nos últimos tempos. Se o preço
de uma passagem passar de R$
150 para R$ 155, não chega a ser
nada fantástico nem vai levar
uma empresa à falência", disse.
A constatação sobre os aumentos foi feita na reunião de
coordenação do governo, da
qual participaram o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o vice,
José Alencar, e os ministros
Dilma Rousseff (Casa Civil),
Paulo Bernardo (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda),
Walfrido Mares Guia (Relações
Institucionais), Tarso Genro
(Justiça) e Franklin Martins
(Comunicação Social).
As medidas anunciadas pelo
governo na sexta estão concentradas em Congonhas. Incluem
a redução de 30% a 40% dos
vôos que hoje pousam ou decolam do aeroporto, o impedimento de vôos fretados e "charters" e um limite ainda não definido no uso do aeroporto com
táxi aéreo. Também foi anunciada a intenção de construir
outro aeroporto nos arredores
de São Paulo.
A limitação dos vôos em Congonhas vai reduzir a oferta de
passagens -daí a previsão de
aumentos nos preços.
Para o governo, as medidas
anunciadas na sexta-feira tiveram "forte impacto". A avaliação é de que Congonhas foi "um
erro de planejamento estratégico" que vinha sendo mantido
desde governos anteriores. O
entorno presidencial também
fez questão de ressaltar que os
próprios usuários contribuíram para a superlotação do aeroporto, que sempre foi preferido pela maioria dos viajantes.
As conseqüências das medidas adotadas já tinham sido
apontadas por especialistas,
principalmente no que diz respeito ao aumento das tarifas.
Na reunião de ontem, Lula e
seus ministros definiram que o
Conac (Conselho de Aviação
Civil) passará a ter reuniões
mais regulares e que o Ministério do Planejamento também
integrará o órgão.
É de responsabilidade da
pasta a liberação de verbas para
obras emergenciais, e o plano
do governo de construir um novo aeroporto exigirá bilhões de
reais.
Programa de rádio
Ontem, em seu programa de
rádio, Lula disse que qualquer
julgamento sobre as causas do
acidente com o avião da TAM é
"prematuro" e "quase irresponsável".
Lula afirmou que "não existe
hipótese alguma de a verdade
não vir à tona", mas lembrou
que o aeroporto de Congonhas
foi "cercado pela cidade"-numa crítica velada à Prefeitura
de São Paulo: "É só olhar de baixo ou de cima que a gente vai
ver a quantidade de prédios. E
mais ainda, não faz muito tempo, tem prédios novos sendo
inaugurados ali, na linha em
que passa o avião, perto do Jockey Club, em São Paulo".
(LETÍCIA SANDER, PEDRO DIAS LEITE e GABRIELA
GUERREIRO)
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