São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/CUSTOS

Governo diz que passagens terão aumento

Reajuste deverá ocorrer em conseqüência das medidas anunciadas para reduzir o movimento no aeroporto de Congonhas

Presidente da Infraero não adiantou, no entanto, qual a porcentagem de aumento que as tarifas aéreas do país deverão sofrer

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE

Três dias após anunciar medidas para reduzir o tráfego aéreo em Congonhas, o governo avaliou ontem que o efeito colateral dessas propostas deve recair sobre os passageiros: prevê-se um aumento no preço das passagens aéreas e transtornos aos usuários, que terão de usar outros aeroportos.
O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, disse ontem que a prioridade do governo federal será garantir a segurança dos passageiros -mesmo que isso traga reflexos nas tarifas.
"Segurança tem que vir em primeiro lugar. Eu não disse que o aeroporto estava inseguro, mas chegou a hora de tomar medidas cautelares e isso pode significar, sim, um aumento de preços para os passageiros, que terão que pagar um pouco mais pela sua segurança", afirmou.
Pereira evitou adiantar, no entanto, o percentual do reajuste que deve atingir os passageiros. Mas disse acreditar que o aumento não será brusco. "O preço das passagens é caro, mas houve um barateamento forte nos últimos tempos. Se o preço de uma passagem passar de R$ 150 para R$ 155, não chega a ser nada fantástico nem vai levar uma empresa à falência", disse.
A constatação sobre os aumentos foi feita na reunião de coordenação do governo, da qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, José Alencar, e os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda), Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais), Tarso Genro (Justiça) e Franklin Martins (Comunicação Social).
As medidas anunciadas pelo governo na sexta estão concentradas em Congonhas. Incluem a redução de 30% a 40% dos vôos que hoje pousam ou decolam do aeroporto, o impedimento de vôos fretados e "charters" e um limite ainda não definido no uso do aeroporto com táxi aéreo. Também foi anunciada a intenção de construir outro aeroporto nos arredores de São Paulo.
A limitação dos vôos em Congonhas vai reduzir a oferta de passagens -daí a previsão de aumentos nos preços.
Para o governo, as medidas anunciadas na sexta-feira tiveram "forte impacto". A avaliação é de que Congonhas foi "um erro de planejamento estratégico" que vinha sendo mantido desde governos anteriores. O entorno presidencial também fez questão de ressaltar que os próprios usuários contribuíram para a superlotação do aeroporto, que sempre foi preferido pela maioria dos viajantes.
As conseqüências das medidas adotadas já tinham sido apontadas por especialistas, principalmente no que diz respeito ao aumento das tarifas.
Na reunião de ontem, Lula e seus ministros definiram que o Conac (Conselho de Aviação Civil) passará a ter reuniões mais regulares e que o Ministério do Planejamento também integrará o órgão.
É de responsabilidade da pasta a liberação de verbas para obras emergenciais, e o plano do governo de construir um novo aeroporto exigirá bilhões de reais.

Programa de rádio
Ontem, em seu programa de rádio, Lula disse que qualquer julgamento sobre as causas do acidente com o avião da TAM é "prematuro" e "quase irresponsável".
Lula afirmou que "não existe hipótese alguma de a verdade não vir à tona", mas lembrou que o aeroporto de Congonhas foi "cercado pela cidade"-numa crítica velada à Prefeitura de São Paulo: "É só olhar de baixo ou de cima que a gente vai ver a quantidade de prédios. E mais ainda, não faz muito tempo, tem prédios novos sendo inaugurados ali, na linha em que passa o avião, perto do Jockey Club, em São Paulo". (LETÍCIA SANDER, PEDRO DIAS LEITE e GABRIELA GUERREIRO)


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