São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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APAGÃO AÉREO/MANAUS

Pane foi causada por sargento, diz FAB

Comandante da Aeronáutica, Saito disse ontem a Lula que falha no Cindacta-4, em Manaus, ocorreu durante manuseio de baterias

Aeronáutica investiga, porém, se funcionários aproveitaram o problema para passar uma imagem de caos; controladores negam

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, informou ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o início da pane do Cindacta-4, em Manaus, foi causado por um sargento da manutenção que errou ao manusear as baterias de geração de energia. Foi o próprio responsável quem se apresentou ao comandante do centro e confessou que errara.
Saito, que esteve em Manaus no domingo, disse ainda ao presidente que as investigações continuam e que essa foi apenas a primeira apuração sobre a pane que interrompeu os vôos na área de Manaus durante duas horas na madrugada de sábado para domingo, com efeito-cascata em todo o país.
Conforme o brigadeiro disse a Lula, há ainda muitas perguntas sem resposta e não está descartada a hipótese de sabotagem -que o próprio Planalto a princípio não afasta.
Algumas dessas perguntas: Por que a pane demorou tanto tempo? Por que o sistema de back-up também não funcionou? Por que os efeitos foram tão drásticos, a ponto de vôos internacionais serem mandados de volta? Por que tudo isso aconteceu exatamente agora, dias depois da queda do Airbus-A320 da TAM?

Problema ampliado
Conforme a Folha apurou, uma das linhas de investigação é se funcionários do Cindacta-4, especialmente da área de controle aéreo, não aproveitaram uma falha humana original para amplificar o problema e passar a imagem de caos para o país e para o exterior.
Os controladores garantem que ocorreu uma pane e ne-gam enfaticamente essa possibilidade.
A Aeronáutica também investiga quem são os funcionários que vêm dando versões à imprensa e está particularmente interessada em um que deu entrevista à televisão contra a luz e com modificador eletrônico de voz, para não ser reconhecido, dizendo que dois aviões quase se chocaram na altura de Belém, no Pará -algo que a FAB nega.

Controladores ativos
Na versão da Força, as entrevistas e as versões confirmariam que, apesar das medidas repressivas tomadas contra os controladores de vôo, eles continuam ativos e mobilizados. Os líderes do movimento foram presos justamente por darem entrevistas à imprensa, criticando o sistema.
Outros líderes foram afastados das funções e estão sujeitos agora a um processo com base no IPM (Inquérito Policial Militar), realizado pela FAB e à espera de manifestação do Ministério Público, por suspeita de motim na greve de 30 de março passado, que parou os aeroportos do país.
Em Manaus, onde ocorreu a pane do fim de semana, houve revolta diante da prisão e do afastamento dos companheiros, e outros acabaram também punidos. Dos quatro Cindactas existentes, foi justamente o que mais reagiu contrariamente às punições.


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