São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000


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NOVO NEGÓCIO
Centro já possui 257 unidades no mundo
Carioca monta rede de franquias de academias e globaliza o "yôga"

KARLA MONTEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo dia, às 4 horas da manhã, ele já está acordado para a primeira sessão de meditação. No cardápio diário, nada de carnes vermelhas ou brancas. Só legumes, verduras e cereais. Com disciplina de monge budista, espírito marqueteiro e tino aguçado para os negócios, o mestre de ioga De Rose, 56, acertou na mosca ao criar uma franquia de academias especializadas em ioga com seu nome.
Em São Paulo, o letreiro laranja da Rede De Rose de Yôga reluz em 14 casarões em bairros nobres da cidade, lembrando uma cadeia de restaurantes fast-food pela presença ostensiva. Ao todo, o império do mestre carioca, radicado na capital paulista, tem 205 unidades em dez Estados brasileiros e mais 52 no exterior.
Ele diz que não ficou rico, embora cerca de 50 mil pessoas paguem R$ 250 por mês para fazer aulas em sua rede. Outros centros cobram R$ 150 por mês em São Paulo, em média. "É uma atividade sem fins lucrativos. Todos que trabalham na Rede De Rose são sócios e participam do lucro", diz.
Barba e cabelo grisalhos, fala mansa, bom humor e aparência saudável, De Rose fundou, em 1994, a Universidade de Yôga do Brasil, Uni-Yôga. A meta da escola, não reconhecida pelo Ministério da Educação, é divulgar o "yôga" -que, segundo o mestre, difere da ioga praticada no Brasil.
"Ele defende essa história de que yôga é diferente de ioga. Não tem nada disso. É para se promover", contesta Marcos Rojo Rodrigues, coordenador do curso de Difusão Cultural e Ioga da Universidade de São Paulo (USP).
De Rose criou e preside a Confederação Nacional de Yôga, sem reconhecimento oficial, mas que dá status. Segundo Rodrigues, o órgão oficial que regulamenta atividades esportivas é o Conselho Federal de Educação Física.
Entre seus 40 livros publicados está "Hiper Orgasmo -Uma Via Tântrica", que defende o adiamento do orgasmo para aumentar o prazer. De Rose lançou quatro CDs e 40 vídeos com cursos livres e de formação de instrutores.
Sua rede cresceu rapidamente. Em março de 1999, três centros atendiam os paulistanos. Hoje são 14. Em Florianópolis, na mesma época, o número de unidades saltou de uma para sete.
"O sucesso deve-se ao aumento da cultura mundial. O yôga só atrai pessoas culturalmente desenvolvidas. Estou preparando a expansão desde os anos 70", explica o mestre De Rose.
Entre os alunos estão nomes conhecidos como a apresentadora de TV Astrid Fontenelle e o baterista do Sepultura, Igor Cavalera.
A carreira de De Rose começou em 1964, no Rio, com a primeira academia. Ele se considera um autodidata. "Aos 11, já fazia exercícios de yôga sem nunca ter ouvido falar de yôga. Aos 16, ingressei numa sociedade secreta onde entrei em contato com professores e com a literatura disponível."
Professores de ioga de São Paulo contestam o autodidatismo. Mestres de ioga têm que receber o título de outro mestre.


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