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NOVO NEGÓCIO
Centro já possui 257 unidades no mundo
Carioca monta rede de franquias de academias e globaliza o "yôga"
KARLA MONTEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Todo dia, às 4 horas da manhã,
ele já está acordado para a primeira sessão de meditação. No cardápio diário, nada de carnes vermelhas ou brancas. Só legumes, verduras e cereais. Com disciplina de
monge budista, espírito marqueteiro e tino aguçado para os negócios, o mestre de ioga De Rose, 56,
acertou na mosca ao criar uma
franquia de academias especializadas em ioga com seu nome.
Em São Paulo, o letreiro laranja
da Rede De Rose de Yôga reluz
em 14 casarões em bairros nobres
da cidade, lembrando uma cadeia
de restaurantes fast-food pela
presença ostensiva. Ao todo, o
império do mestre carioca, radicado na capital paulista, tem 205
unidades em dez Estados brasileiros e mais 52 no exterior.
Ele diz que não ficou rico, embora cerca de 50 mil pessoas paguem R$ 250 por mês para fazer
aulas em sua rede. Outros centros
cobram R$ 150 por mês em São
Paulo, em média. "É uma atividade sem fins lucrativos. Todos que
trabalham na Rede De Rose são
sócios e participam do lucro", diz.
Barba e cabelo grisalhos, fala
mansa, bom humor e aparência
saudável, De Rose fundou, em
1994, a Universidade de Yôga do
Brasil, Uni-Yôga. A meta da escola, não reconhecida pelo Ministério da Educação, é divulgar o "yôga" -que, segundo o mestre, difere da ioga praticada no Brasil.
"Ele defende essa história de
que yôga é diferente de ioga. Não
tem nada disso. É para se promover", contesta Marcos Rojo Rodrigues, coordenador do curso de
Difusão Cultural e Ioga da Universidade de São Paulo (USP).
De Rose criou e preside a Confederação Nacional de Yôga, sem
reconhecimento oficial, mas que
dá status. Segundo Rodrigues, o
órgão oficial que regulamenta atividades esportivas é o Conselho
Federal de Educação Física.
Entre seus 40 livros publicados
está "Hiper Orgasmo -Uma Via
Tântrica", que defende o adiamento do orgasmo para aumentar o prazer. De Rose lançou quatro CDs e 40 vídeos com cursos livres e de formação de instrutores.
Sua rede cresceu rapidamente.
Em março de 1999, três centros
atendiam os paulistanos. Hoje são
14. Em Florianópolis, na mesma
época, o número de unidades saltou de uma para sete.
"O sucesso deve-se ao aumento
da cultura mundial. O yôga só
atrai pessoas culturalmente desenvolvidas. Estou preparando a
expansão desde os anos 70", explica o mestre De Rose.
Entre os alunos estão nomes conhecidos como a apresentadora
de TV Astrid Fontenelle e o baterista do Sepultura, Igor Cavalera.
A carreira de De Rose começou
em 1964, no Rio, com a primeira
academia. Ele se considera um
autodidata. "Aos 11, já fazia exercícios de yôga sem nunca ter ouvido falar de yôga. Aos 16, ingressei
numa sociedade secreta onde entrei em contato com professores e
com a literatura disponível."
Professores de ioga de São Paulo contestam o autodidatismo.
Mestres de ioga têm que receber o
título de outro mestre.
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