São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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URBANISMO

Na cidade existem 80 obras do artista Bel Borba

Em Salvador, painéis de mosaicos inibem as ações dos pichadores

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Comuns principalmente nos grandes centros urbanos, as pichações em muros e monumentos públicos ganharam um forte concorrente em Salvador -painéis de mosaicos de azulejos com imagens de pessoas correndo, árvores, flores, aves, dragões, cobras, peixes e tiranossauros.
Trabalho iniciado há quase seis anos pelo artista plástico Bel Borba, 45, os mosaicos têm o respeito dos próprios pichadores. "Já executei mais de 80 trabalhos na cidade e, até agora, nenhum foi pichado", disse Bel Borba.
De acordo com ele, a propaganda política foi a sua maior inspiração para executar pequenas intervenções que, aos poucos, mudaram o visual de Salvador.
"No final da década passada, percebi que as pessoas usavam as encostas apenas para fazer propaganda política ou depositar o lixo. Um dia, pedi autorização para o proprietário de uma casa da periferia e fiz um desenho rupestre, que remete aos mosaicos bizantinos", disse Borba.
"O trabalho de Bel Borba é mais um toque de arte na beleza natural de Salvador", disse o prefeito Antonio Imbassahy (PFL). No final de 2001, a prefeitura contratou-o para fazer o seu maior trabalho na cidade, um painel de 1.150 m2, em uma encosta de concreto da periferia, no Retiro.
O bairro pobre ganhou a sua maior "atração turística" -um mosaico que retrata a revoada de 300 pássaros coloridos. "No total, utilizei 50 mil pedaços de azulejos para fazer a obra", relatou Borba.
Parte de seu trabalho pode ser visto também nas casas de Gal Costa e Caetano Veloso, onde ele fez uma coleção de pinturas nas calçadas dos imóveis. O muro da casa de Dedé Gadelha, ex-mulher de Caetano, também ganhou mosaico com dois tiranossauros.
O artista plástico Gilberto Dias disse que o exemplo de Bel Borba deveria ser seguido. "Os seus painéis humanizam a cidade e fazem a gente refletir."
Borba disse que costuma utilizar o seu trabalho em espaços públicos para conquistar novos clientes. "Em alguns casos, cobro um preço simbólico, desde que o interessado dê o material."
Há seis anos trabalhando em Salvador, Bel Borba disse que somente no ano passado é que recebeu por um trabalho executado para a prefeitura -R$ 35 mil.


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