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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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EDUCAÇÃO

Após a prefeita Marta Suplicy inaugurar os CEUs, governador Alckmin inicia programa que também abre colégios à comunidade

Escolas abertas viram bandeira de PT e PSDB

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Três semanas após a prefeita Marta Suplicy (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terem inaugurado o primeiro CEU (Centro Educacional Unificado), é a vez de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) apostar suas fichas na área da educação -que promete ser um dos pontos centrais da próxima campanha para a Prefeitura de São Paulo, em 2004.
Ontem, Alckmin deu início, nos 5.919 colégios estaduais de São Paulo, ao projeto "Escola da Família", que consiste na abertura dessas unidades, aos finais de semana, para ações com a comunidade. Hoje, o governador irá visitar uma dessas escolas no Jardim São Luiz (zona sul), acompanhado de Gabriel Chalita, secretário estadual da Educação.
A previsão é que 300 pessoas participem das atividades desenvolvidas em cada escola aos fins de semana. As ações não são predeterminadas pela secretaria, mas devem ser relacionadas a esportes, cultura, saúde e qualificação profissional. Serão investidos R$ 46 milhões neste semestre.
Chalita, um dos nomes cotados para disputar a prefeitura da capital pelo PSDB, nega que pretenda se candidatar. Ele afirma, porém, que o principal foco da próxima campanha será as ações educacionais de cada candidato. "O eleitor tem de estar atento para isso", diz o secretário, que tem criticado frequentemente os CEUs -vitrine da administração Marta Suplicy.
Os CEUs têm como um dos destaques o fato de abrir aos finais de semana para a comunidade, a exemplo do que o governo faz agora. Com opções como piscinas, teatros e pistas de skate, duas unidades já foram inauguradas, de um total de 21 prometidas até o ano que vem.
As medidas dos dois governos chegam com atraso. Professores, pais e moradores já vinham, por iniciativa própria, desenvolvendo ações bem-sucedidas de "escolas abertas" (leia texto na pág. C5).
"A minha crítica aos CEUs é que a prefeitura não vem investindo na resolução dos problemas de vagas nas escolas em São Paulo, nem em creche nem educação infantil, que são de responsabilidade só da prefeitura. Eu tenho que criticar também a verba publicitária que a prefeitura coloca nos CEUs, que é uma quantia fabulosa. Isso me parece campanha de reeleição", afirma Chalita.
A prefeitura contesta. De acordo com a secretária municipal de Educação, Cida Perez, a prefeitura criou 37 mil vagas nas creches e 48 mil em EMEIs (escolas municipais de ensino infantil). Com os 21 CEUs prometidos por Marta, 50.400 vagas serão criadas em creches, EMEIs e unidades de ensino fundamental, segundo Perez.
As críticas aos CEUs vêm sendo rebatidas pela prefeitura com ataques à Febem (Fundação do Bem-Estar do Menor), de responsabilidade do Estado. "Estamos gastando com educação para que, mais tarde, não tenhamos uma Febem inflada", respondeu a secretária em nota à Folha.
Nos dois discursos, apenas um ponto de convergência: os benefícios que cada um promete gerar com a transformação das escolas em espaço de convivência comunitária, como diminuição da violência no entorno da escola.
De acordo com Matias Vieira, coordenador do projeto Vida, da Secretaria Municipal de Educação, o número de casos de depredação e furtos dentro de escolas diminuiu até 40% nas unidades que integram o "Escola Aberta".
O programa existe desde agosto de 2001 e funciona por adesão, ou seja, não é obrigatório a todas escolas, como o "Escola da Família", do Estado. Até agora, cerca de 250 das 1.200 escolas da rede municipal aderiram ao programa.
Tanto a prefeitura como o Estado usam o mesmo princípio para embasar seus projetos: a presença da família na escola melhora o desempenho dos alunos, e o uso do espaço por pessoas "de fora" faz com que a comunidade se aproprie simbolicamente da escola, ajudando a preservá-la.


Telefone de informações da Secretaria Estadual da Educação: 0800-7700012

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