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Professor falta 5 dias por problemas de voz
Por ano, docentes da educação básica faltam mais do que profissionais de outras áreas, cuja média não chega a um dia
Garganta seca, rouquidão e
cansaço vocal foram os
problemas mais citados por
3.265 pessoas ouvidas em
levantamento nacional
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Por ano, os professores da
educação básica do país faltam
cinco dias às aulas, apenas por
causa de problemas na voz. Nas
demais profissões, a média de
ausência não chega a um dia.
A conclusão está em um levantamento nacional, com
3.265 pessoas, feito pelo Centro de Estudos da Voz, pelo Sinpro-SP (sindicato dos professores da rede particular) e pela
Universidade de Utah (EUA).
Os dados consideram a rede
pública e a privada. Também
foram ouvidos profissionais fora do magistério.
Segundo as autoras da pesquisa, apesar de a docência naturalmente exigir mais da voz
do que a maioria das atividades,
a diferença está muito acentuada -e poderia diminuir, com
medidas tanto dos professores
quanto dos colégios.
O representante das escolas
privadas admite o problema.
"Os professores entram em licença e, por isso, precisamos
contratar outros. É um transtorno", afirma José Augusto de
Mattos Lourenço, presidente
da Fenep (federação das escolas particulares). Ele diz, porém, que os colégios têm procurado atenuar o problema.
"Não dá mais para adiar
ações, tanto por parte da rede
privada quanto dos governos",
diz a coordenadora do estudo,
Mara Behlau. Segundo ela, é a
primeira pesquisa nacional
quantitativa sobre o tema.
Entre as medidas, Behlau sugere a aquisição de microfones
para os professores e melhorias
acústicas das salas de aula.
"O gasto com contratações
deve superar o de adequações
física das escolas. Sem contar a
frustração do professor de não
conseguir exercer sua profissão", afirma.
Sem voz
Com apenas quatro anos no
magistério, Daniela Faustino
de Oliveira, 23, diz já sentir desgaste. "Vivo sem voz ao final do
dia. As salas são numerosas e
não têm boa ventilação. Por isso, as janelas ficam abertas, o
que aumenta o barulho. É difícil competir", afirma Daniela,
que leciona em escola particular da zona leste de São Paulo.
Algumas vezes, ela diz que
muda a programação da aula
porque está sem voz. Em vez de
explicar oralmente, passa todo
o conteúdo na lousa e só tira algumas dúvidas.
"A situação em que o professor precisa mudar sua aula apareceu muito nas entrevistas",
afirma a fonoaudióloga Fabiana Zambon, uma das autoras do
levantamento. "É comum a aula ser trocada por vídeo ou seminário. Ou seja, mesmo que
não falte, ele perde rendimento", diz.
Zambon diz que uma das dificuldades é que os professores
têm pouco conhecimento para
diminuir o problema. Algumas
das sugestões são beber água
durante as aulas e não falar escrevendo na lousa (o volume
precisa ser mais alto, e o pó do
giz vai para a garganta).
Os problemas mais citados
pelos professores na pesquisa
foram garganta seca (45% disseram ter), rouquidão (41,2%) e
cansaço vocal (36,9%). No restante da população, os porcentagens foram 21,4%, 14,8% e
11,7%, respectivamente.
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