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Pesquisador do Ipea defende subsídios diretos
DA REPORTAGEM LOCAL
O transporte coletivo deve ser
encarado como um instrumento
governamental para combater a
pobreza, mas a concessão de benefícios ao setor -como a redução dos impostos- é uma medida "extremamente perigosa".
Essa opinião é do economista
Alexandre de Ávila Gomide, pesquisador do Ipea e autor do estudo sobre transporte/inclusão social, concluído em julho.
Gomide se diz contrário às políticas de desoneração tributária
sob a alegação de que essa medida
pode favorecer os empresários
sem garantir vantagem aos usuários. "Os recursos são reduzidos.
Não é preciso reduzir tarifa para
todos, mas focar nas classes D e E.
O melhor é pegar esse mesmo dinheiro que os governos perderiam com uma redução de impostos e reverter em subsídio direto à
população de baixa renda", diz.
Esse conceito de subsídio parte
da idéia de dar vale-transporte diretamente na mão de quem precisa. Um dos critérios sugeridos para essa distribuição são os cadastros dos programas sociais de
complementação de renda.
Em seu estudo, Gomide também sugere a necessidade de uma
revisão da política de gratuidades,
que, hoje, não obedece a nenhum
critério de renda. Na situação
atual, diz ele, há pobres que subsidiam ricos no sistema de transporte. Por exemplo, os trabalhadores da economia informal, que
não têm direito a vale-transporte,
pagam a passagem integral de
ônibus -que é calculada para cobrir os custos inclusive de estudantes da rede privada, que têm
descontos de ao menos 50%.
Luiz Carlos Bertotto, diretor do
Departamento de Cidadania e Inclusão Social da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade
Urbana do Ministério das Cidades, defende a abertura das discussões para a expansão do transporte às classes D e E, mas diz que
elas não podem ter como pré-condição a redução de impostos.
"Temos que buscar soluções
mais duradouras. Pensar assim é
simplório. O transporte muitas
vezes não chega à população por
causa de deficiências operacionais", afirma Bertotto.
O presidente da NTU, Otávio
Cunha, estima ser possível uma
redução de até 50% no preço das
passagens. O diesel, diz Cunha, já
representou 10% do custo da tarifa em anos anteriores, mas hoje
representa 25%.
(AI)
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