DA SUCURSAL DO RIO

Um tiroteio entre policiais militares e traficantes interrompeu ontem de manhã a gravação do seriado "Cidade dos Homens", no morro Dona Marta (Botafogo, zona sul do Rio). À tarde, a polícia encontrou na favela o corpo de um homem que pode ser ter sido morto no confronto.
Participavam da gravação 55 profissionais da produtora O2 Filmes, do cineasta Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", filme sobre a violência na favela de mesmo nome. Para escapar dos tiros, artistas, técnicos e diretores se esconderam em uma casa até a chegada da PM (Polícia Militar). O grupo só deixou a favela escoltado por policiais.
"Cidade dos Homens" é transmitido pela Rede Globo. Os protagonistas são os atores Darlan Cunha, 15, e Douglas Silva, 14, que também trabalharam em "Cidade de Deus".
Por telefone, Cunha confirmou à Folha que estava na favela com o colega na hora da troca de tiros, mas que Meirelles os havia proibido de dar entrevistas sobre o assunto.
A Folha tentou ouvir Meirelles. Na sede carioca da produtora, funcionários informavam que ele não estava. Quem falou sobre o incidente foi Paulo Morelli, diretor do episódio "Chapa Quente", que vinha sendo gravado na favela desde sábado.
Morelli disse que ninguém da equipe chegou a ver os traficantes, embora os tiros tenham sido disparados bem perto do ponto onde a gravação acontecia. "O pessoal ficou assustado."
As gravações na favela começaram no sábado. Morelli disse que, já naquela dia, foram ouvidos tiros ao longe. "Agora foi bem mais perto", afirmou.
Anteontem, a equipe voltou ao Dona Marta, mas Morelli começou a procurar novas locações para o seriado. "Pelo que notamos, o problema [na favela] não vai ser resolvido em um dia. Vamos procurar outro lugar para filmar."
Segundo a PM, o tiroteio começou quando traficantes atacaram cinco policiais que seguiam para o Posto de Policiamento Comunitário da favela, onde substituiriam a equipe de plantão.


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