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REFERENDO/RESULTADO
Liberação da venda de armas ganha também em todas as capitais e principais grandes cidades; abstenção foi maior no Norte e no Nordeste
"Não" vence fácil nos 26 Estados e no DF
FERNANDO RODRIGUES
EM SÃO PAULO
O voto do "não" no referendo
de ontem foi vencedor nos 26 Estados e no Distrito Federal. Com
99,44% das urnas apuradas à
0h45 de hoje, vencia também em
todas as 27 capitais.
Como houve vitória expressiva
nos Estados do Sul e do Sudeste
(onde estão 59% dos eleitores),
nem seria necessário ganhar em
localidades menores.
Nos três Estados com maior
eleitorado do país, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (42%
do total), por exemplo, o "não"
venceu com larga vantagem.
Com mais de mais de 99,9% das
urnas apuradas nesses três Estados do Sudeste, essa região conhecida como o "triângulo das
Bermudas" da política tinha uma
média de 61% a favor do "não" e
só 39,1% alinhados ao "sim".
Uma diferença de quase 22 pontos, suficiente para alavancar a vitória mesmo com eventuais derrotas em Estados menores.
O peso de paulistas, mineiros e
fluminenses ficou evidenciado no
cenário eleitoral do país com o referendo. Assim como é quase impossível ganhar uma eleição presidencial sem uma vitória nesses
três Estados, também não se consegue êxito numa consulta popular como a de ontem.
Nas grandes capitais, o voto no
"não" muitas vezes foi maior do
que a média do Estado. Uma exceção foi São Paulo, onde o "não"
teve 59,6% em todo o Estado e
57,7% na capital.
Já em Minas Gerais e no Rio, o
"não" foi superior nas capitais. Os
mineiros de maneira geral deram
61,3% para o "não". Em Belo Horizonte, o percentual subiu para
62,9%. No Rio, o eleitorado fluminense ofereceu 61,9% para o
"não". Quando se trata apenas
dos cariocas, os eleitores da capital, o percentual vai a 63,7%.
Há também uma correlação entre os eleitores que ontem votaram mais vigorosamente no
"não" e os que já foram vítimas de
algum crime em que houve ameaça com arma de fogo, independentemente de terem ocorrido ou
não ferimentos -há 23% nessa
condição, segundo o Datafolha.
Esses eleitores, apurou o Datafolha, queriam votar majoritariamente (62%) no "não", sendo que
a maioria desse grupo reside nas
regiões Sudeste e Sul, sobretudo
em áreas metropolitanas -as capitais. Ontem, nas urnas, o Sul e o
Sudeste foram as duas regiões
com os maiores percentuais de
apoio ao "não".
A abstenção acima da média de
eleições tradicionais foi puxada
para cima justamente nos Estados
onde o "sim" teve um desempenho menos pior. No Norte e no
Nordeste, as taxas de não-comparecimento às urnas foram de
27,7% e 25,2%, respectivamente.
Derrotas políticas
Entre os políticos, o derrotado
mais evidente foi o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que foi
favorável ao "sim". A respeito
dessa preferência do petista, há
uma coincidência com sua taxa de
popularidade.
Segundo levantamento do Datafolha na semana passada, é no
Nordeste que a imagem do governo Lula está menos desgastada,
com 37% de aprovação. É também entre os nordestinos que o
"sim" teve sua melhor marca,
com 42,5%.
Além de Lula, perderam com a
derrota do "sim" os políticos associados à campanha do desarmamento. O principal homem
dessa ala no Congresso foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apostava
numa vitória para lustrar sua
imagem -ele que apoiou Fernando Collor (1990-1992), Itamar
Franco (1992-1994), FHC (1995-2002), mas aspirar a ser colega de
chapa de Lula em 2006.
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