São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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EDUCAÇÃO
Carga de 667 horas por ano é superior apenas a quatro países pesquisados; tempo total é o menor do Mercosul
Aluno brasileiro do 1º grau estuda menos

da Sucursal de Brasília

O estudante brasileiro de 1º grau é um dos que passam menos tempo em sala de aula entre todos os 43 países pesquisados. São 667 horas por ano contra 791 horas nos países da OCDE. Nos EUA, os alunos estudam 958 horas, e na Malásia, 1.140. Os alunos brasileiros só estudam mais tempo do que os húngaros (551 horas), os tchecos (635 horas), os suecos (624) e os tailandeses (634). Todos os alunos de 1º grau dos países do Mercosul estudam mais do que os brasileiros. Os chilenos estudam 860 horas por ano, os argentinos, 788, e os uruguaios, 732. Apesar de a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estabelecer que Estados e municípios devem se esforçar para aumentar a carga horária até chegar ao tempo integral (manhã e tarde), até agora só o Estado de São Paulo e o Distrito Federal expandiram a carga horária diária de quatro para cinco horas. O Distrito Federal aumentou a carga horária nas escolas do ensino fundamental de quatro para cinco horas diárias em 1997. A mudança está acontecendo aos poucos, paralelamente à substituição das séries pelos ciclos. Dos 36,4 milhões de alunos matriculados no 1º grau, 19,7 milhões estudam mais de quatro horas por dia, e 16,7 milhões, quatro horas ou menos. A média de permanência em sala de aula é mais baixa no Nordeste, onde há o turno da fome (das 11h às 14h). Como não há vaga para todos os alunos, as escolas são obrigadas a criar um turno extra entre a manhã e a tarde para acomodar os excedentes. Embora o problema esteja mais presente no Nordeste, ele é registrado também no Sul e no Sudeste. Em São Paulo, 173 mil alunos estudam menos de quatro horas por dia. No Rio de Janeiro, são 108 mil alunos na mesma situação e no Rio Grande do Sul, 63 mil. "É preciso investir pesadamente no aumento do turno escolar, acabar com o turno da fome e o turno noturno para crianças de 7 anos. Cinco horas é o mínimo que um aluno precisa ficar na escola. Menos do que isso é inviável para a aprendizagem", disse Maria Helena Guimarães, presidente do Inep. Segundo Maria Helena, as vagas para o ensino fundamental são em número suficiente. "O problema é de localização das escolas. Das 240 mil escolas brasileiras, 140 mil têm menos de 30 alunos. É preciso incentivar a nucleação desses estabelecimentos, pois eles poderiam atender uma demanda maior", disse. Segundo a presidente do Inep, o maior desafio dos Estados e municípios em relação ao ensino fundamental é justamente aumentar o tempo de estudo dos alunos nas escolas. (DF e BB)



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