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Serra cobra Campo de Marte de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cerimônia de inauguração
de parte das obras do aeroporto
de Congonhas, na zona sul de São
Paulo, ontem, o prefeito José Serra (PSDB) cobrou do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a
transferência ao município do aeroporto Campo de Marte, na zona
norte. O pequeno embate entre o
petista e o tucano -ambos cotados para disputar a sucessão presidencial- contou com brincadeiras de ambas as partes.
Serra aproveitou sua fala para
introduzir o tema, dizendo que
negocia com o Ministério da Defesa a transferência de responsabilidade do aeroporto para o município. Recorreu à Revolução
Constitucionalista de 32, quando
os paulistas se insurgiram contra
o governo federal, então sob o comando de Getúlio Vargas.
"A cidade considera que o Campo de Marte é da cidade, porque
foi tirado na Revolução de 32",
brincou o prefeito.
O presidente, em seu discurso,
voltou ao tema, ironizando o fato
de os paulistas terem sido derrotados no embate de 32. "E quero
dizer ao Serra que eu fico esperando que a discussão do aeroporto
do Campo de Marte chegue até a
minha mesa, porque é preciso saber que naquela guerra São Paulo
perdeu contra o Estado brasileiro,
então vai ser uma discussão entre
uma data histórica e um momento histórico que nós vivemos."
Sobre a inauguração de ontem,
Lula disse que a obra "visa, na verdade, demonstrar apenas respeito
ao povo de São Paulo, aos visitantes de São Paulo que transitam pelo aeroporto". "Quando o Carlos
Wilson tomou posse na Infraero,
eu disse a ele que era uma questão
de honra a gente resolver o problema do aeroporto e o problema
do estacionamento, porque eu
duvido que tenha alguém que tenha chegado aqui em São Paulo,
numa sexta-feira à tarde, e que
não tenha xingado pelo menos
uma meia dúzia de mães por este
país afora", afirmou Lula.
Moradores de rua
O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Cláudio Hummes, pediu a Lula a entrada da Polícia Federal nas investigações sobre os
assassinatos dos sete moradores
de rua, em agosto do ano passado,
no centro da capital paulista.
"São Paulo precisa ser lavada
desse crime", disse dom Cláudio.
Lula afirmou que o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
está disposto a receber representantes "para discutir o genocídio
dos moradores de rua". "Se não
houver nenhuma objeção da Justiça, a Polícia Federal pode entrar
no caso", disse o presidente, ressaltando, porém, que não se trata
de uma decisão que depende exclusivamente do governo federal.
Outros pedidos de federalização
do crime foram recusados anteriormente.
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