São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serra cobra Campo de Marte de Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

Em cerimônia de inauguração de parte das obras do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, ontem, o prefeito José Serra (PSDB) cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a transferência ao município do aeroporto Campo de Marte, na zona norte. O pequeno embate entre o petista e o tucano -ambos cotados para disputar a sucessão presidencial- contou com brincadeiras de ambas as partes.
Serra aproveitou sua fala para introduzir o tema, dizendo que negocia com o Ministério da Defesa a transferência de responsabilidade do aeroporto para o município. Recorreu à Revolução Constitucionalista de 32, quando os paulistas se insurgiram contra o governo federal, então sob o comando de Getúlio Vargas.
"A cidade considera que o Campo de Marte é da cidade, porque foi tirado na Revolução de 32", brincou o prefeito.
O presidente, em seu discurso, voltou ao tema, ironizando o fato de os paulistas terem sido derrotados no embate de 32. "E quero dizer ao Serra que eu fico esperando que a discussão do aeroporto do Campo de Marte chegue até a minha mesa, porque é preciso saber que naquela guerra São Paulo perdeu contra o Estado brasileiro, então vai ser uma discussão entre uma data histórica e um momento histórico que nós vivemos."
Sobre a inauguração de ontem, Lula disse que a obra "visa, na verdade, demonstrar apenas respeito ao povo de São Paulo, aos visitantes de São Paulo que transitam pelo aeroporto". "Quando o Carlos Wilson tomou posse na Infraero, eu disse a ele que era uma questão de honra a gente resolver o problema do aeroporto e o problema do estacionamento, porque eu duvido que tenha alguém que tenha chegado aqui em São Paulo, numa sexta-feira à tarde, e que não tenha xingado pelo menos uma meia dúzia de mães por este país afora", afirmou Lula.

Moradores de rua
O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Cláudio Hummes, pediu a Lula a entrada da Polícia Federal nas investigações sobre os assassinatos dos sete moradores de rua, em agosto do ano passado, no centro da capital paulista.
"São Paulo precisa ser lavada desse crime", disse dom Cláudio. Lula afirmou que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, está disposto a receber representantes "para discutir o genocídio dos moradores de rua". "Se não houver nenhuma objeção da Justiça, a Polícia Federal pode entrar no caso", disse o presidente, ressaltando, porém, que não se trata de uma decisão que depende exclusivamente do governo federal. Outros pedidos de federalização do crime foram recusados anteriormente.


Texto Anterior: Aviação: Garagem de Congonhas estréia com problemas
Próximo Texto: Saiba mais: Movimento em SP pedia uma nova Constituição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.