São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

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FOCO

Paulistana antecipa Natal para manter tradição de reunir toda a família

Com cerca de 75 pessoas, encontro inclui missa feita por padre amigo da família e amigo-secreto com valor máximo de R$ 50

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Há 40 anos, a paulistana Maria Célia Monteiro de Barros, 84, se esforça para manter uma tradição. Reunir na ceia de Natal toda a família -hoje com 5 filhos, 17 netos, 2 bisnetos e agregados. Para isso, ela antecipa a comemoração para 23 de dezembro.
"Eu me preocupo muito com a falta de congraçamento nos dias de hoje."
Maria Célia diz que o Natal sempre foi uma data mágica. "Quando me casei, há 56 anos, a ceia era na casa da minha sogra, depois na da minha mãe. Quando elas morreram, mantive a tradição."
A paulistana começa a organizar o Natal já em outubro, quando sua família decide onde será o encontro. Neste ano, o local escolhido é a casa de sua filha caçula. "Mando um e-mail para que todos reservem a data."
Outra surpresa é a cor escolhida como tema. "Em 2010, será azul, mais suave, em virtude do luto."
Mesmo em anos marcados pela tristeza, como em 2010, quando Maria Célia perdeu dois irmãos no espaço de dois meses, a festa não é deixada de lado.
"Teremos de superar o luto. As pessoas dizem: "Como você tem coragem? Precisa ser muito forte". Nada disso. Terminou a vida deles, não era o que queríamos, mas o momento nunca é nosso."
"Vamos nos lembrar deles, mas estaremos celebrando o nascimento do Menino Jesus, e não a morte. Para os cristãos, o sentido do Natal é de recomeço, algo a ser passado para as crianças."

COMISSÃO
Para sair tudo perfeito, é criada uma comissão para cuidar das bebidas, do menu e da programação. "Eu só dou as diretrizes."
Para entrar no verdadeiro clima natalino, no segundo domingo de dezembro, a família faz um auto de Natal. No último dia 13, foram reunidas 35 pessoas, entre filhos, netos e bisnetos.
"Peço que cada um prepare algo especial. É o momentos dos talentos, de preparação de alma. Todos se manifestam, seja cantando, dançando ou recitando."
Neste ano, um de seus netos, de 30 anos, fez um poema sobre Jesus na época da informática.
No dia 23, o encontro começa com uma missa em casa, realizada por um padre amigo da família. Ninguém pode beber antes de comungar. "Uns 80% comungam seriamente, não é para agradar a vovó."
Em seguida, vem a ceia e o Papai Noel contratado para a sessão dos presentes.
Depois, acontece o amigo-secreto, uma troca simbólica para que todos usem a criatividade e presenteiem com até R$ 50. A ideia é a de que o Natal não é só "o presente".

DIA 25
No dia 25, Maria Célia fica em casa esperando as visitas, que ganham presentes.
"Faço a minha lista de lembrancinhas por faixa etária. Neste ano, comprei para minhas netas uma coisa engraçadinha: uma pinça que é a escultura de uma garotinha. Tem loura, morena e ruiva."
Maria Célia critica, porém, o fato de que no Natal as pessoas só se preocupem em comprar. "Esquecem o sentido mais profundo da data."

INESQUECÍVEL
Antigamente, quando morava numa casa grande, Maria Célia fazia a ceia para cem pessoas. Hoje, reúne em torno de 75. A paulistana conta que seu Natal inesquecível foi o de 2003, quando seu marido ainda era vivo.
"Por coincidência, o último dele. Um momento muito alegre que temos na memória."


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