|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
URBANISMO
Movimento incluiu até cartazes de protesto
Moradores recorrem e impedem construção de prédio no Sumaré
DA REPORTAGEM LOCAL
Após um ano de mobilização,
os moradores do Sumaré, na zona
oeste da cidade, estão prestes a
provar que o projeto da construtora Zarvos de erguer um prédio
de oito andares na rua Guaçu fere
a legislação. O movimento incluiu
até cartazes de protesto, instalados na rua Duartina.
Nesse período, a Zarvos demoliu as casas de número 123 e 131 da
rua, onde ficaria o edifício, e construiu um estande de vendas no local. A pedido dos moradores, foi
embargado pela prefeitura.
A palavra final é da administração municipal, que, em princípio,
não enxergava ilegalidade no projeto. A rua Guaçu tem zoneamento do tipo Z8-CR6, que permite
edifícios residenciais de até nove
andares, segundo a legislação. O
restante é Z-1, o que só permite residências unifamiliares.
Porém o bairro está em processo de tombamento pelo Condephaat, conselho estadual que cuida do patrimônio histórico. O Sumaré, loteamento do fim da década de 20, ainda não foi tombado,
mas, como está em estudo, funciona como se estivesse.
Por isso, a prefeitura teve de pedir parecer do Condephaat. Ontem, o presidente do conselho, José Roberto Melhem, disse que a
análise técnica do processo mostra que o prédio não será permitido pelo tombamento do bairro.
"Mas não é só isso. Antes de
nós, há os documentos originais
do loteamento, regido pelo Código Civil. Há restrições na escritura
dos imóveis daquele bairro, tais
como recuos obrigatórios e altura
máxima, por exemplo", diz Melhem. "Quem orientou a construtora a comprar aqueles terrenos
fez péssimo serviço", diz.
A Folha procurou a advogada
da Zarvos, Eliana Azar, e solicitou
entrevista com uma funcionária
de seu escritório, identificada como Paula. Até o fechamento desta
edição, a advogada não respondeu à ligação da reportagem.
A primeira comunicação entre
moradores e construtora foi feita
em fevereiro. Ao descobrir os planos da Zarvos, a Sociedade dos
Moradores e Amigos do Sumaré
notificou a empresa alertando-a
de que não era permitido edifícios
naquela rua.
Segundo a presidente da entidade, Evian Elias, a Zarvos respondeu à sociedade afirmando que
não havia restrições de acordo
com o zoneamento. O pedido de
aprovação do projeto está na prefeitura desde julho.
Nesse tempo, a associação descobriu que a rua Guaçu não havia
sido incluída no estudo de tombamento. Em seguida, pediu a sua
inclusão pelo Condephaat, alegando que aquele trecho fazia
parte do loteamento do Sumaré.
O conselho notificou que os argumentos dos moradores estavam
corretos em novembro. A partir
disso, a sociedade virou o jogo.
"Salvo raras agressões, o Sumaré é um loteamento preservado. O
bairro não tem um traçado viário
que suporte a demanda criada
por edifícios", afirma Evian.
Segundo ela, os moradores não
têm nada contra a Zarvos, só não
querem edifícios na rua Guaçu,
justamente as palavras que ilustram os cartazes da rua Duartina.
"E lutaríamos até o final", diz.
(SÉRGIO DURAN)
Texto Anterior: Novo horário: Parque Ibirapuera passa a funcionar até a meia-noite Próximo Texto: Cidade ilegal: Marta admite dificuldade para fiscalizar prédios irregulares Índice
|