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MEC enviará livros de espanhol só em 2012
Lei, aprovada em 2005, determina que idioma seja oferecido neste ano nas escolas públicas de ensino médio do país
União afirma que só em 2009 teve condições de iniciar a compra das obras, a serem enviadas às escolas; processo demora três anos
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação
enviará livros de espanhol aos
alunos de escolas públicas apenas em 2012, dois anos após o
fim do prazo para implementação do idioma como disciplina
obrigatória no ensino médio.
Esse é mais um exemplo de
atraso na adoção da regra,
aprovada em 2005 e que fixou
em cinco anos o prazo máximo
para a implementação -alguns
Estados, como São Paulo, já
anunciaram que não vão oferecer a disciplina neste semestre.
Segundo o governo Lula, o
atraso ocorreu porque a decisão de distribuir obras de línguas (espanhol e inglês) foi tomada apenas em 2009. O processo dura três anos para que os
livros sejam escolhidos, comprados e distribuídos.
A assessoria de imprensa do
Ministério da Educação diz que
a prioridade do Programa Nacional do Livro Didático para o
Ensino Médio eram as disciplinas "fixas", como língua portuguesa e matemática.
A lei que aborda o espanhol
estipula que a rede pública é
obrigada a oferecer o idioma,
no horário regular, apenas aos
estudantes que demonstrarem
interesse -nos colégios privados, a matéria pode ser dada fora do horário normal, por meio
de convênios ou a distância.
O governo diz que o programa do livro para o ensino médio, criado em 2004, é implementado em etapas e só em
2009 foi possível a decisão de
estender para obras de línguas.
Antes, apenas alunos do ensino fundamental ganhavam as
obras, que são distribuídas pela
União às redes públicas mantidas por Estados e municípios.
Em boa parte das escolas, esses
livros são o principal material
para aprendizagem dos alunos.
Adrián Fanjul, vice-presidente da associação de professores de espanhol em São Paulo, diz que a ausência dos livros
do idioma nestes dois anos "pode ser um problema em alguns
setores específicos [mais carentes] do ensino público".
Fanjul afirma, porém, que é
uma dificuldade contornável,
uma vez que os docentes receberam materiais em 2006.
Outros atrasos
"Como o material didático do
MEC só vai chegar em 2012,
percebemos que o próprio ministério empurrou a implementação", afirmou a presidente do Consed (conselho que
reúne os secretários estaduais
de Educação), Yvelise Freitas
de Sousa Arco-Verde.
O atraso na medida também
ocorrerá na rede estadual paulista. A gestão José Serra
(PSDB) anunciou que a língua
será oferecida apenas no segundo semestre e será limitada
aos alunos do primeiro ano.
A Secretaria Estadual da
Educação entende que o prazo
para adoção termina em agosto, mês que a lei foi aprovada. E
que não é obrigatória a adoção
nos três anos da etapa. Ainda
não foram contratados professores para a matéria nem apresentado o projeto pedagógico.
O autor da lei, deputado federal Átila Lira (PSB-PI), e o próprio MEC dizem que a disciplina deveria ser inserida no início
deste ano letivo. Lira defende
ainda que os três anos do ensino médio devem ter a matéria.
Ainda não há um balanço nacional atualizado sobre a implementação da disciplina. O
último, de 2008, apontava que
apenas 26% das escolas públicas do país tinham a matéria.
Também não foi informado
quantos livros serão comprados. Em 2007, foram adquiridas 18,2 milhões de obras, para
7,1 milhões de alunos, de 15,2
mil escolas públicas do país.
Antes da aprovação da exigência pelo espanhol, as redes
públicas costumavam oferecer
apenas o inglês. Como há dificuldades para ampliar a carga
horária, a representante dos secretários de Educação admite
que muitos governos substituirão uma língua pela outra.
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