São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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MÁFIA DA PROPINA
Maria Helena, seu filho e um delegado são acusados de coagir testemunha que deve depor amanhã
Promotor pede nova prisão de vereadora

SORAYA AGÉGE
da Reportagem Local

O Ministério Público Estadual pediu ontem a prisão temporária da vereadora Maria Helena Fontes (suspensa do PL), de seu filho e investigador de polícia Paulo Rogério Neme, e do delegado Airton Bicudo. Eles são acusados de coagir uma testemunha, que deve depor contra a vereadora amanhã, e de formação de quadrilha.
O pedido de prisão foi apresentado ontem à tarde pelo promotor do SAE (Serviços Auxiliares de Informação) Gabriel César de Inellas. A decisão da Justiça pode ser anunciada hoje.
A testemunha, Anísio Carlos dos Santos, que foi assessor da vereadora durante cerca de 20 anos, disse ontem ao promotor que foi sequestrado, ameaçado de morte e teve sua casa arrombada por duas vezes.
Neme, Bicudo e outras pessoas não identificadas queriam que ele gravasse um depoimento negando as acusações que fez contra Maria Helena, de acordo com o promotor.
"Eles ofereceram R$ 50 mil e documentos falsos para que ele desaparecesse depois de gravar um depoimento se retratando das acusações que fez", disse Inellas.
A namorada de Neme, identificada apenas como Marcela, e um homem conhecido por Bengala, além de outras pessoas, também podem ter seus pedidos de prisão temporária encaminhados pelo SAE.
Santos declarou ao promotor que alguns homens o sequestraram e tentaram obrigá-lo a falar para Marcela, por meio de um celular, que mentiu em seu depoimento. Ele suspeita que a ligação foi gravada.
Depois disso, ele recebeu dois telefonemas o ameaçando de morte. Um homem pedia que ele olhasse pela janela de sua casa. Quatro homens o observavam de dentro de um carro.
De acordo com o Inellas, as propostas, feitas em nome da vereadora, teriam partido do filho, do delegado e de Bengala.
"Ele vai depor na Câmara Municipal no próximo sábado (amanhã) e precisa ficar protegido."
Santos está sendo mantido em uma unidade policial da cidade. A família, entretanto, não teria obtido proteção especial até o início da noite de ontem.
O ex-assessor de Maria Helena denunciou as supostas ameaças anteontem ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que abriu inquérito.
Um dos advogados de Maria Helena, Paulo Amador Cunha Bueno, considerou ontem a medida do promotor como um revanchismo. Segundo Bueno, a testemunha não é idônea (leia textos nesta página).
A Folha não conseguiu contatar o delegado e não localizou o filho da vereadora em sua casa.



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