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GUERRA DO TRÁFICO
Um policial ficou ferido no ombro em confronto com traficantes no morro do Salgueiro
Tiroteio em morro do Rio deixa 1 morto
FERNANDA PONTES
da Sucursal do Rio
A polícia ocupou ontem o morro do Salgueiro, na Tijuca (zona
norte do Rio), após um confronto
entre supostos traficantes e policiais militares. Na troca de tiros,
um jovem de 17 anos, suspeito de
pertencer ao tráfico, morreu. Um
policial militar ficou ferido no
ombro.
O confronto começou por volta
das 10h, quando moradores e
crianças estavam fora de suas casas. A operação da polícia tinha
como objetivo prender traficantes
da favela.
Um policial do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar), que participou da operação, disse que viu
dois rapazes em cima da laje de
uma das casas.
Conhecidos como "olheiros",
esses garotos costumam avisar os
traficantes quando a polícia entra
na favela. Ao notar que os policias
se aproximavam, um dos rapazes,
que não foi identificado, colocou
no colo uma criança de três anos.
O policial pediu que a criança
fosse colocada no chão. A ordem
foi cumprida pelo rapaz, que em
seguida atirou no ombro de um
sargento.
Começou, então, um intenso tiroteio que só terminou dez minutos depois, com a morte de Francisco Djalmir Araújo, 17. Ele também participou do tiroteio, usando uma pistola 45, que pertencia
ao Exército.
Indignados, os moradores disseram que Araújo foi assassinado
injustamente. "Ele já tinha sido
dominado pela polícia", disse um
morador da favela que não quis se
identificar.
O corpo do rapaz ainda permaneceu durante todo o dia no local
do crime. A cena era impressionante: o corpo envolto por moscas ao lado de crianças e adolescentes, que o observavam.
Outros episódios
Nos primeiros dois meses deste
ano, têm sido frequentes os episódios de violência nas favelas do
Rio (leia texto abaixo). Este foi o
segundo episódio deste tipo no
Salgueiro este mês. No dia 8,
Magnólia Conceição Santos, 51,
perdeu seu filho de 19 anos em
um confronto com a polícia.
Cosme, como ele se chamava,
era deficiente mental e não podia
trabalhar.
No hora do crime, o rapaz estava ajudando uma moradora a
carregar compras. Magnólia disse
que mesmo após Cosme ser ferido, os policiais ainda chutaram
seu filho. "Foi uma covardia."
Os moradores do morro, em
protesto, queimaram carros em
frente à favela.
Ontem, Magnólia mostrou as
roupas do filho sujas de sangue.
Mãe de 16 filhos, ela já perdeu
quatro em confronto com a polícia. "Eles vêm aqui atrás de traficantes e a população paga o pato", disse.
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