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JUSTIÇA
Cantor deverá ser acusado de homicídio culposo; ele nega que estava embriagado
Pires depõe e deve ser indiciado
NOELI MENEZES
da Agência Folha, em Uberlândia
O cantor de pagode Alexandre
Pires, do grupo Só Pra Contrariar,
deve ser indiciado por homicídio
culposo (não-intencional), segundo Marco Antônio Noronha,
delegado responsável pelo inquérito que investiga a responsabilidade do músico no acidente em
que se envolveu no último dia 6,
em Uberlândia (MG).
Noronha disse que a conclusão
do inquérito "irá propor a culpa
do cantor" porque o laudo da perícia dos veículos, que será divulgado hoje, vai apontar que Pires
dirigia seu jipe Cherokee em alta
velocidade quando atingiu a motocicleta do vendedor José Alves
Sobrinho. Ele morreu depois de
passar três dias em coma.
Se for julgado, Pires pode ser
condenado a cumprir pena de
dois a quatro anos de detenção.
Ontem, em depoimento à polícia, o cantor afirmou que estava a
80 km/h -a velocidade permitida na avenida onde ocorreu a colisão é de 60 km/h. Segundo ele, o
vendedor trafegava no meio das
faixas e não na direita, como o comerciante Joáz Pereira Rosa, que
teria visto o acidente, declarou ao
delegado.
Pires disse que não se lembrava
de ter visto o capacete e que, ao ultrapassar a motocicleta, Alves Sobrinho invadiu a pista esquerda,
provocando a colisão. Segundo o
delegado, o músico acrescentou
que não teve tempo de frear o jipe,
invadiu o canteiro e voltou na
contramão para perto da vítima.
O líder do SPC negou ter ingerido
bebida alcoólica horas antes da
colisão, na boate Coliseu. Disse
que bebeu apenas energético. Como ele abandonou o local do acidente sem fazer o teste do bafômetro, alegando estado de choque, uma suposta embriaguez, segundo o delegado, não deve ser
sustentada por falta de provas.
O pagodeiro apresentou a Noronha dois atestados assinados
pelos médicos que o atenderam
após o acidente. Paulo César Marinho Dias, neurologista, e Luiz
Silva, geneticista, prescreveram o
medicamento Dominid, que, segundo eles, tem efeito calmante.
Até agora, apenas o segurança
Túlio Henrique Lopes declarou,
em depoimento à polícia, que viu
o músico beber uísque na casa noturna na madrugada do dia 6.
Adilson Pereira, sobrinho da vítima, disse que a família do vendedor estava "indignada" com o
depoimento cantor. "Nós não esperamos nada da Justiça". Segundo ele, o advogado da família, Jorge Luiz Pereira, já entrou com um
processo civil indenizatório contra Pires, porque o músico não demonstrou interesse em realizar
um "acordo amigável".
O líder do SPC informou, por
meio de sua assessoria, que não
fará declarações públicas sobre o
acidente até a conclusão das investigações policiais.
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