São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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JUSTIÇA
Cantor deverá ser acusado de homicídio culposo; ele nega que estava embriagado
Pires depõe e deve ser indiciado

NOELI MENEZES
da Agência Folha, em Uberlândia

O cantor de pagode Alexandre Pires, do grupo Só Pra Contrariar, deve ser indiciado por homicídio culposo (não-intencional), segundo Marco Antônio Noronha, delegado responsável pelo inquérito que investiga a responsabilidade do músico no acidente em que se envolveu no último dia 6, em Uberlândia (MG).
Noronha disse que a conclusão do inquérito "irá propor a culpa do cantor" porque o laudo da perícia dos veículos, que será divulgado hoje, vai apontar que Pires dirigia seu jipe Cherokee em alta velocidade quando atingiu a motocicleta do vendedor José Alves Sobrinho. Ele morreu depois de passar três dias em coma.
Se for julgado, Pires pode ser condenado a cumprir pena de dois a quatro anos de detenção.
Ontem, em depoimento à polícia, o cantor afirmou que estava a 80 km/h -a velocidade permitida na avenida onde ocorreu a colisão é de 60 km/h. Segundo ele, o vendedor trafegava no meio das faixas e não na direita, como o comerciante Joáz Pereira Rosa, que teria visto o acidente, declarou ao delegado.
Pires disse que não se lembrava de ter visto o capacete e que, ao ultrapassar a motocicleta, Alves Sobrinho invadiu a pista esquerda, provocando a colisão. Segundo o delegado, o músico acrescentou que não teve tempo de frear o jipe, invadiu o canteiro e voltou na contramão para perto da vítima. O líder do SPC negou ter ingerido bebida alcoólica horas antes da colisão, na boate Coliseu. Disse que bebeu apenas energético. Como ele abandonou o local do acidente sem fazer o teste do bafômetro, alegando estado de choque, uma suposta embriaguez, segundo o delegado, não deve ser sustentada por falta de provas.
O pagodeiro apresentou a Noronha dois atestados assinados pelos médicos que o atenderam após o acidente. Paulo César Marinho Dias, neurologista, e Luiz Silva, geneticista, prescreveram o medicamento Dominid, que, segundo eles, tem efeito calmante.
Até agora, apenas o segurança Túlio Henrique Lopes declarou, em depoimento à polícia, que viu o músico beber uísque na casa noturna na madrugada do dia 6.
Adilson Pereira, sobrinho da vítima, disse que a família do vendedor estava "indignada" com o depoimento cantor. "Nós não esperamos nada da Justiça". Segundo ele, o advogado da família, Jorge Luiz Pereira, já entrou com um processo civil indenizatório contra Pires, porque o músico não demonstrou interesse em realizar um "acordo amigável".
O líder do SPC informou, por meio de sua assessoria, que não fará declarações públicas sobre o acidente até a conclusão das investigações policiais.


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