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Parceria é "impossível", afirma governo do Rio
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Estado do Rio
considera "impossível" qualquer tipo de parceria com milícias, como propôs o líder do
grupo que comanda o complexo da Palmeirinha, João Carlos.
Segundo a assessoria de imprensa do governador Sérgio
Cabral, sua gestão é "totalmente avessa às milícias" e os considera criminosos.
O secretário de Segurança
Pública do Rio, José Mariano
Beltrame, afirmou que as milícias normalmente aproveitam
o enfraquecimento de quadrilhas de traficantes, após operações policiais, para tomar comunidades.
Segundo ele, milicianos evitam o confronto direto com
traficantes, principalmente em
favelas maiores e mais armadas. "Duvido que entrem em favelas maiores. Podem fazer em
lugares menores. Não vou dizer
que é mentira, mas é difícil e a
minoria. Eles não batem de
frente com traficantes", disse
Beltrame, que também desconfia que informantes se arrisquem a passar informações para os grupos.
O secretário disse que "não
existe a figura penal de milícia"
e, portanto, o que está sendo investigado são desvios de conduta administrativos, como o uso
de arma funcional, venda de segurança ilegal e formação de
quadrilha.
Sem defender explicitamente as milícias, o prefeito do Rio,
Cesar Maia, disse que a dinâmica da saída do tráfico e a entrada de milícias leva para o local
famílias de policiais e militares,
"que se somam na defesa da comunidade".
"Onde vão morar soldados,
cabos e sargentos e suas famílias? Os oficiais ainda podem
morar em condomínios de classe média. Quando uma comunidade fica livre do tráfico de
drogas, famílias de policiais vão
morar lá. Com isso, o efetivo
[oficial] necessário para manter a ordem diminui muito,
pois, havendo riscos, os policiais que moram lá se somam
na defesa da comunidade.
Quanto maior a estabilidade,
menor a necessidade de efetivos [policiais]", diz o prefeito.
Na opinião de Maia, "esse
processo seria progressivo" nas
favelas da cidade. "Se tivesse
começado 15 anos atrás, hoje a
situação seria outra, sem tráfico de drogas ou milícias. "
Prioridade
Para o prefeito, as milícias
conseguem ocupar favelas e
mantê-las sobre seu controle
-diferentemente da polícia-
porque "essa não tem sido uma
prioridade dos governos". "Espero que seja neste."
Foram do Gabinete Militar
do prefeito os primeiros relatórios de análise sobre as milícias
a aparecerem na mídia.
O prefeito afirmou que
uma "parceria" entre o poder
municipal e as comunidades
dominadas "é redundante, pois
as responsabilidades municipais (escolarização, por exemplo) são cumpridas, independentemente da presença de
quem for".
Segundo ele, "não há relação
entre os serviços públicos e
eventuais grupos presentes nas
comunidades".
Indagado se uma eventual
cooperação pode ser entendida
como "legitimar o poder paralelo", Maia respondeu que "a
responsabilidade de garantir a
ordem pública é do Estado".
(RG)
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