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NATUREZA REVOLTA
Ventos de aproximadamente 170 km/h atingiram cerca de cem residências em Florianópolis; duas pessoas ficaram feridas
Em 3 segundos, tornado destrói casas no Sul
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Um tornado com ventos de
aproximadamente 170 km/h atingiu na noite de anteontem o norte
da ilha de Florianópolis, deixando
cem casas danificadas. Ao menos
duas pessoas ficaram feridas.
O fenômeno durou pouco mais
de três segundos. Teve início por
volta das 22h. Um minuto depois,
os moradores já contabilizavam
os estragos. Cerca de 20 famílias
foram desalojadas e levadas a um
centro comunitário.
Segundo a Defesa Civil, 37 casas
foram totalmente destelhadas.
Outras tiveram parte da estrutura
danificada. Foram afetados os
bairros dos Ingleses e do Costão
do Santinho -considerados dois
dos mais nobres da capital.
"O vento pegou uma favela, mas
também casas boas. O pobre e o
rico não escaparam", afirmou o
secretário-executivo do órgão na
cidade, Francisco Carlos Cardoso.
Um rapaz de 19 anos levou um
choque e foi encaminhado para
um hospital. Ele foi liberado na
tarde de ontem e passava bem.
Uma mulher de 47 anos sofreu
um corte na perna em razão da
queda de uma ripa de madeira de
uma casa acima da sua.
O forte vento arrancou árvores
inteiras do chão. Um automóvel
foi virado de cabeça para baixo.
Postes também foram afetados e
toda a região ficou sem luz. A
energia só foi restabelecida às 5h.
Ontem, funcionários da Celesc
faziam reparos na fiação elétrica
da comunidade do Siri -uma
área de preservação, atualmente
invadida-, para evitar curtos e
um possível incêndio.
A Defesa Civil providenciou lonas para cobrir provisoriamente
as casas afetadas. O secretário-executivo do órgão disse que ainda não tem uma estimativa do
prejuízo, mas que encaminhará
ao prefeito um pedido para o decreto de situação de emergência.
A corretora de imóveis Glecy
Maria Fedrizzi, 49, teve a casa
atingida pelo tornado. "Moro há
dez anos aqui [no Costão do Santinho] e nunca vi nada igual. Foi
muito rápido e muito violento. As
telhas ficaram fora do lugar, e são
de barro, pesadas. Meu portão foi
arrancado." Segundo ela, no entanto, os estragos não se comparam aos causados "a casas cinco,
seis ruas à frente". "Ele [o vento]
derrubou tudo. As casas foram
para o chão mesmo."
Turbinado
Segundo Clóvis Levien Corrêa,
meteorologista do Ciram (Centro
de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia)
de Santa Catarina, o fenômeno é
considerado um tornado pelas
suas características.
Ele sobrevoou a área ontem e
disse que as árvores, caídas tanto
para o norte como para o sul, são
um indicativo. "Há outros fatores
relatados pelos moradores, como
nuvens girando e o barulho, um
assovio como o de uma turbina."
A dimensão da área atingida
também é um diferencial: foram
apenas 30 metros de diâmetro.
Segundo ele, não foi possível
medir a exata velocidade que os
ventos atingiram, mas, na escala,
ele se configura como moderado
-entre 117 km/h e 180 km/h.
Corrêa disse que o Ciram havia
previsto um temporal forte, mas
não um tornado.
Em janeiro, um tornado com
ventos de 110 km/h destelhou 16
casas na cidade. Em 2005, o fenômeno ocorreu três vezes. Neste
ano, já foram duas.
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