São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

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NATUREZA REVOLTA

Ventos de aproximadamente 170 km/h atingiram cerca de cem residências em Florianópolis; duas pessoas ficaram feridas

Em 3 segundos, tornado destrói casas no Sul

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Um tornado com ventos de aproximadamente 170 km/h atingiu na noite de anteontem o norte da ilha de Florianópolis, deixando cem casas danificadas. Ao menos duas pessoas ficaram feridas.
O fenômeno durou pouco mais de três segundos. Teve início por volta das 22h. Um minuto depois, os moradores já contabilizavam os estragos. Cerca de 20 famílias foram desalojadas e levadas a um centro comunitário.
Segundo a Defesa Civil, 37 casas foram totalmente destelhadas. Outras tiveram parte da estrutura danificada. Foram afetados os bairros dos Ingleses e do Costão do Santinho -considerados dois dos mais nobres da capital.
"O vento pegou uma favela, mas também casas boas. O pobre e o rico não escaparam", afirmou o secretário-executivo do órgão na cidade, Francisco Carlos Cardoso.
Um rapaz de 19 anos levou um choque e foi encaminhado para um hospital. Ele foi liberado na tarde de ontem e passava bem.
Uma mulher de 47 anos sofreu um corte na perna em razão da queda de uma ripa de madeira de uma casa acima da sua.
O forte vento arrancou árvores inteiras do chão. Um automóvel foi virado de cabeça para baixo. Postes também foram afetados e toda a região ficou sem luz. A energia só foi restabelecida às 5h.
Ontem, funcionários da Celesc faziam reparos na fiação elétrica da comunidade do Siri -uma área de preservação, atualmente invadida-, para evitar curtos e um possível incêndio.
A Defesa Civil providenciou lonas para cobrir provisoriamente as casas afetadas. O secretário-executivo do órgão disse que ainda não tem uma estimativa do prejuízo, mas que encaminhará ao prefeito um pedido para o decreto de situação de emergência.
A corretora de imóveis Glecy Maria Fedrizzi, 49, teve a casa atingida pelo tornado. "Moro há dez anos aqui [no Costão do Santinho] e nunca vi nada igual. Foi muito rápido e muito violento. As telhas ficaram fora do lugar, e são de barro, pesadas. Meu portão foi arrancado." Segundo ela, no entanto, os estragos não se comparam aos causados "a casas cinco, seis ruas à frente". "Ele [o vento] derrubou tudo. As casas foram para o chão mesmo."

Turbinado
Segundo Clóvis Levien Corrêa, meteorologista do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia) de Santa Catarina, o fenômeno é considerado um tornado pelas suas características.
Ele sobrevoou a área ontem e disse que as árvores, caídas tanto para o norte como para o sul, são um indicativo. "Há outros fatores relatados pelos moradores, como nuvens girando e o barulho, um assovio como o de uma turbina."
A dimensão da área atingida também é um diferencial: foram apenas 30 metros de diâmetro.
Segundo ele, não foi possível medir a exata velocidade que os ventos atingiram, mas, na escala, ele se configura como moderado -entre 117 km/h e 180 km/h.
Corrêa disse que o Ciram havia previsto um temporal forte, mas não um tornado.
Em janeiro, um tornado com ventos de 110 km/h destelhou 16 casas na cidade. Em 2005, o fenômeno ocorreu três vezes. Neste ano, já foram duas.


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