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SAÚDE
Pesquisa com obesos sedentários que têm disfunção erétil mostra que emagrecer melhora a relação entre parceiros
Perda de peso favorece desempenho sexual
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Além dos riscos para a saúde,
vem aí outra notícia ruim para
homens com excesso de peso:
obesidade e disfunção erétil andam de mãos dadas. Uma pesquisa acaba de mostrar que há uma
espécie de gangorra: quando o peso aumenta demais, o desempenho sexual diminui.
O estudo foi chefiado por Katherine Esposito, da Segunda
Universidade de Nápoles, na Itália, e publicado nesta semana no
"Jama", um dos mais importantes
jornais de medicina dos EUA.
A pesquisa reuniu 110 homens,
entre 35 e 55 anos, que tinham em
comum a obesidade, o sedentarismo e a disfunção sexual, mas nenhuma outra doença associada,
como hipertensão ou diabetes.
Metade do grupo fez dieta de baixa caloria e uma média de 195 minutos de exercícios físicos por semana, perdendo 10% do peso ou
mais. O outro grupo recebeu apenas orientação e praticamente
não perdeu peso.
Grave para moderado
Dois anos mais tarde, a média
do grupo controlado, com dieta e
exercícios, recuperou boa parte
do desempenho sexual, enquanto
no outro não houve mudança. O
primeiro grupo subiu de um escore médio de 13,9 para 17, passando de uma disfunção grave para
uma moderada; o outro grupo ficou em 13,5 pontos -pelo quadro acima, quem não tem problemas eréteis atinge 25 pontos.
A psiquiatra Carmita Abdo, que
coordena o ProSex, do Hospital
das Clínicas, diz que não há novidade na pesquisa, pois a disfunção sexual é sempre reveladora de
um problema de saúde (hipertensão, diabetes, etc), ou de um problema mental (depressão ou ansiedade), ou ainda decorrência do
estilo de vida, ser fumante, obeso,
sedentário ou beber em excesso.
"O interessante no estudo é que
ele relacionou exclusivamente
disfunção erétil com obesidade e
falta de exercícios", diz ela.
O urologista Sidney Glina, do
Instituto H.Ellis e chefe da clínica
urológica do Hospital do Ipiranga, afirma que grandes estudos
realizados na década de 90 já
mostravam uma relação entre a
obesidade e a atividade sexual.
Para ele, a pesquisa pode não refletir a realidade, pois a maioria
dos obesos tem alguma doença
associada, como hipertensão, colesterol, diabetes ou problemas
cardíacos.
De todo modo, o resultado
mostra que é possível ganhar qualidade no desempenho sexual
perdendo peso e fazendo exercício, o que é uma boa notícia.
A atividade física é considerada
importante para a saúde como
um todo, mas isso não significa
que um atleta tenha desempenho
sexual melhor que uma pessoa
normal, dizem os especialistas.
Carmita Abdo lembra que o sexo não é apenas corpo, "tem a ver
com a cabeça e com os valores
culturais das pessoas".
A psiquiatra diz que há relação
entre depressão, sedentarismo e
falta de ereção, mas ainda não se
sabe qual delas provoca a outra.
O engenheiro Roberto, 52, solteiro, está desempregado há dois
anos e nesse período já esteve seis
vezes no Spamed Campus, em Sorocaba. "No pior período, cheguei
a 174 quilos, reduzi para 120 e preciso chegar a 110", diz. "Não senti
diferença no meu desempenho,
mas quando engordo me deprimo, não saio de casa e fica mais
difícil conseguir parceiras."
Glina e Abdo lembram que a escolaridade é um fator fundamental na atividade sexual. Aqueles
com melhor nível se preocupam
mais com prevenção e conhecem
melhor a sexualidade.
Pesquisas nos EUA mostraram
que os "colarinhos-brancos", funcionários com melhor nível de escolaridade, tinham menos problemas sexuais do que os "colarinhos-azuis", trabalhadores com
nível médio de escolaridade.
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