São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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SAÚDE

Pesquisa com obesos sedentários que têm disfunção erétil mostra que emagrecer melhora a relação entre parceiros

Perda de peso favorece desempenho sexual

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Além dos riscos para a saúde, vem aí outra notícia ruim para homens com excesso de peso: obesidade e disfunção erétil andam de mãos dadas. Uma pesquisa acaba de mostrar que há uma espécie de gangorra: quando o peso aumenta demais, o desempenho sexual diminui.
O estudo foi chefiado por Katherine Esposito, da Segunda Universidade de Nápoles, na Itália, e publicado nesta semana no "Jama", um dos mais importantes jornais de medicina dos EUA.
A pesquisa reuniu 110 homens, entre 35 e 55 anos, que tinham em comum a obesidade, o sedentarismo e a disfunção sexual, mas nenhuma outra doença associada, como hipertensão ou diabetes. Metade do grupo fez dieta de baixa caloria e uma média de 195 minutos de exercícios físicos por semana, perdendo 10% do peso ou mais. O outro grupo recebeu apenas orientação e praticamente não perdeu peso.

Grave para moderado
Dois anos mais tarde, a média do grupo controlado, com dieta e exercícios, recuperou boa parte do desempenho sexual, enquanto no outro não houve mudança. O primeiro grupo subiu de um escore médio de 13,9 para 17, passando de uma disfunção grave para uma moderada; o outro grupo ficou em 13,5 pontos -pelo quadro acima, quem não tem problemas eréteis atinge 25 pontos.
A psiquiatra Carmita Abdo, que coordena o ProSex, do Hospital das Clínicas, diz que não há novidade na pesquisa, pois a disfunção sexual é sempre reveladora de um problema de saúde (hipertensão, diabetes, etc), ou de um problema mental (depressão ou ansiedade), ou ainda decorrência do estilo de vida, ser fumante, obeso, sedentário ou beber em excesso. "O interessante no estudo é que ele relacionou exclusivamente disfunção erétil com obesidade e falta de exercícios", diz ela.
O urologista Sidney Glina, do Instituto H.Ellis e chefe da clínica urológica do Hospital do Ipiranga, afirma que grandes estudos realizados na década de 90 já mostravam uma relação entre a obesidade e a atividade sexual.
Para ele, a pesquisa pode não refletir a realidade, pois a maioria dos obesos tem alguma doença associada, como hipertensão, colesterol, diabetes ou problemas cardíacos.
De todo modo, o resultado mostra que é possível ganhar qualidade no desempenho sexual perdendo peso e fazendo exercício, o que é uma boa notícia.
A atividade física é considerada importante para a saúde como um todo, mas isso não significa que um atleta tenha desempenho sexual melhor que uma pessoa normal, dizem os especialistas.
Carmita Abdo lembra que o sexo não é apenas corpo, "tem a ver com a cabeça e com os valores culturais das pessoas".
A psiquiatra diz que há relação entre depressão, sedentarismo e falta de ereção, mas ainda não se sabe qual delas provoca a outra.
O engenheiro Roberto, 52, solteiro, está desempregado há dois anos e nesse período já esteve seis vezes no Spamed Campus, em Sorocaba. "No pior período, cheguei a 174 quilos, reduzi para 120 e preciso chegar a 110", diz. "Não senti diferença no meu desempenho, mas quando engordo me deprimo, não saio de casa e fica mais difícil conseguir parceiras."
Glina e Abdo lembram que a escolaridade é um fator fundamental na atividade sexual. Aqueles com melhor nível se preocupam mais com prevenção e conhecem melhor a sexualidade.
Pesquisas nos EUA mostraram que os "colarinhos-brancos", funcionários com melhor nível de escolaridade, tinham menos problemas sexuais do que os "colarinhos-azuis", trabalhadores com nível médio de escolaridade.


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