São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Presidente do Chile critica recomendação brasileira

Michelle Bachelet atribui sugestão de adiar viagens a seu país "ao susto e ao medo"

"Única solução é trabalhar em conjunto", diz; governo da Argentina afirma que medida é razoável, e Brasil nega que haja proibição


DA REDAÇÃO
DE BUENOS AIRES

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, criticou ontem a decisão brasileira de recomendar o adiamento das viagens ao país devido ao risco de contaminação pela gripe suína.
"A única solução é trabalhar em conjunto, e não fechar portas", disse Bachelet na sede da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), em Washington (EUA). Ela atribuiu a recomendação brasileira ao "susto e ao medo" e disse que essa não é a forma adequada de enfrentar a pandemia. Bachelet é médica pediatra e epidemiologista e foi ministra da Saúde do Chile.
O governo da Argentina, outro país que deve ser evitado, segundo o Ministério da Saúde brasileiro, avaliou a medida como razoável. "É uma recomendação como as que fizemos para que as pessoas evitem viajar a zonas de risco, como EUA, Canadá e México", disse Graciela Ocaña, ministra da Saúde.
A diretora da Opas, a argentina Mirta Roses, afirmou que o movimento de pessoas entre os países "é quase incontrolável" e que a medida não é efetiva.
O Ministério da Saúde afirmou que o adiamento das viagens é só uma recomendação, e não uma proibição. Em nota, o ministério disse que "continua seguindo rigorosamente as orientações da Organização Mundial da Saúde, que defende a autonomia de cada país em adotar recomendações com base em suas realidades locais".
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que também recomendou o adiamento de viagens, não se pronunciou.

Subnotificação
Na Argentina, a taxa de mortalidade da gripe suína (1,6%) é o quádruplo da média mundial (0,4%). Segundo o presidente da Sociedade Argentina de Infectologia, Pablo Bonvehí, isso ocorre porque há subnotificação de casos, decorrente de doentes que melhoram sem ter procurado o sistema de saúde.
"As mortes são sempre proporcionais ao número de casos. Se tomarmos apenas os casos confirmados [1.294], o número de mortes [21] parece alto, mas as taxas de mortalidade têm que ser calculadas em relação ao total de casos", afirmou.
Para Bonvehí, a situação da gripe na Província de Buenos Aires e na capital -onde já há transmissão sustentada do vírus- é diferente da do restante do país, que reúne muitos destinos turísticos de inverno e, como o Brasil, ainda está em fase de contenção da doença.
É considerada transmissão sustentada quando o vírus circula na região e pode ser contraído não somente por pessoas que tiveram contato com viajantes infectados no exterior.
Nesse sentido, diz, a orientação brasileira está de acordo com procedimentos de prevenção da Organização Mundial da Saúde. "Como o Brasil ainda não tem um número importante de casos, tem que aproveitar para gerar todas as medidas para evitar a pandemia", afirma.
Infectologistas argentinos concordam que a gripe deve continuar em alta no país.

Com agências internacionais



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