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Presidente do Chile critica recomendação brasileira
Michelle Bachelet atribui sugestão de adiar viagens a seu país "ao susto e ao medo"
"Única solução é trabalhar em conjunto", diz; governo da Argentina afirma que medida é razoável, e Brasil nega que haja proibição
DA REDAÇÃO
DE BUENOS AIRES
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, criticou ontem
a decisão brasileira de recomendar o adiamento das viagens ao país devido ao risco de
contaminação pela gripe suína.
"A única solução é trabalhar
em conjunto, e não fechar portas", disse Bachelet na sede da
Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), em Washington (EUA). Ela atribuiu a recomendação brasileira ao "susto e
ao medo" e disse que essa não é
a forma adequada de enfrentar
a pandemia. Bachelet é médica
pediatra e epidemiologista e foi
ministra da Saúde do Chile.
O governo da Argentina, outro país que deve ser evitado,
segundo o Ministério da Saúde
brasileiro, avaliou a medida como razoável. "É uma recomendação como as que fizemos para que as pessoas evitem viajar
a zonas de risco, como EUA,
Canadá e México", disse Graciela Ocaña, ministra da Saúde.
A diretora da Opas, a argentina Mirta Roses, afirmou que o
movimento de pessoas entre os
países "é quase incontrolável" e
que a medida não é efetiva.
O Ministério da Saúde afirmou que o adiamento das viagens é só uma recomendação, e
não uma proibição. Em nota, o
ministério disse que "continua
seguindo rigorosamente as
orientações da Organização
Mundial da Saúde, que defende
a autonomia de cada país em
adotar recomendações com base em suas realidades locais".
A Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo, que também recomendou o adiamento
de viagens, não se pronunciou.
Subnotificação
Na Argentina, a taxa de mortalidade da gripe suína (1,6%) é
o quádruplo da média mundial
(0,4%). Segundo o presidente
da Sociedade Argentina de Infectologia, Pablo Bonvehí, isso
ocorre porque há subnotificação de casos, decorrente de
doentes que melhoram sem ter
procurado o sistema de saúde.
"As mortes são sempre proporcionais ao número de casos.
Se tomarmos apenas os casos
confirmados [1.294], o número
de mortes [21] parece alto, mas
as taxas de mortalidade têm
que ser calculadas em relação
ao total de casos", afirmou.
Para Bonvehí, a situação da
gripe na Província de Buenos
Aires e na capital -onde já há
transmissão sustentada do vírus- é diferente da do restante
do país, que reúne muitos destinos turísticos de inverno e,
como o Brasil, ainda está em fase de contenção da doença.
É considerada transmissão
sustentada quando o vírus circula na região e pode ser contraído não somente por pessoas
que tiveram contato com viajantes infectados no exterior.
Nesse sentido, diz, a orientação brasileira está de acordo
com procedimentos de prevenção da Organização Mundial da
Saúde. "Como o Brasil ainda
não tem um número importante de casos, tem que aproveitar
para gerar todas as medidas para evitar a pandemia", afirma.
Infectologistas argentinos
concordam que a gripe deve
continuar em alta no país.
Com agências internacionais
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