CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Borda da Mata, no sul de Minas Gerais, parou ontem para o enterro do repórter-fotográfico Luis Antônio da Costa, morto anteontem diante do acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), em São Bernardo do Campo. Pelo menos 500 pessoas acompanharam a celebração na igreja matriz e seguiram o caixão até o cemitério. A cidade tem menos de 15 mil habitantes, segundo o Censo 2000.
O comércio fechou e a prefeitura anunciou, nos alto-falantes da praça central, dois dias de luto.
Familiares, amigos e conhecidos estavam inconformados. "Ele não morreu em vão. Foi sacrificado pelo seu povo, que vive com o desgoverno, a falta de justiça e com essa vergonha que ocorre no país. Foi mais um Tiradentes", discursou o primo de La Costa, José Lucas Bueno de Melo.
A família disse que não acionará a Justiça. "Não quero cobrar nada. Agora é só imaginar que estamos perdendo uma pessoa muito especial e que me fez muito feliz", afirmou a mulher do fotógrafo, Luciana Marques da Costa.
Pessoa especial era a expressão mais utilizada para classificar La Costa. "Ele era só alegria, não conhecia ninguém igual", disse o irmão José Carlos da Costa, 47.
No acampamento do MTST, líderes da ocupação fizeram um ato multirreligioso em memória dele.