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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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Sem-teto ficam em área até 2ª

José Patrício/Folha Imagem
Na avenida Nove de Julho, sem-teto seguem para a sede da CDHU


DA REPORTAGEM LOCAL

As cerca de 4.000 pessoas que estão acampadas desde sábado no terreno de 170 mil m2 da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, vão continuar na área até segunda-feira, mesmo com o pedido de reintegração de posse concedido pela Justiça na última terça-feira.
Ontem, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto selaram um acordo extra-oficial com a Polícia Militar. Ficou combinada uma reunião na segunda-feira entre o movimento e representantes da Volkswagen, da Prefeitura de São Bernardo do Campo, do Ministério Público e de entidades da sociedade civil que acompanham as negociações.
O objetivo da reunião é chegar a uma solução pacífica para a ocupação, sem a necessidade da entrada da polícia no terreno. "Não interessa a nenhuma das partes uma intervenção policial agora. Temos mais de mil crianças nas barracas e uma entrada da polícia poderia ter efeitos desastrosos", afirmou ontem o advogado Ariel de Castro, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
O governador Geraldo Alckmin defendeu o diálogo, mas descartou a possibilidade de os ocupantes continuarem na área. "Nós vamos esgotar o máximo que pudermos uma tentativa de saída pacífica das famílias, mas não há nenhuma hipótese de uma decisão judicial não ser cumprida."
Porém, um dos organizadores do MTST, João Batista Costa, afirmou ontem que a intenção da organização é fazer uma "resistência consciente", traduzida por ele como um cordão humano em volta do acampamento. "Se a polícia quiser entrar, que passe por cima do povo."
A ocupação começou na madrugada de sábado com cerca de 300 famílias. Após a invasão, carros de som passaram pelas ruas próximas, chamando os interessados a juntarem-se ao grupo.
Para a polícia, até ontem havia cerca de 4.000 pessoas acampadas, mas ainda não há um cadastro da famílias, que estão sem infra-estrutura. Vereadores chegaram a pedir ao prefeito William Dib (PSB) que fornecesse água potável, caçambas de lixo, banheiros químicos e preservativos para os ocupantes. Mas a prefeitura informou que não poderá prestar serviço algum, por se tratar de um terreno particular invadido.
O comando da ocupação no terreno permitiu a entrada da imprensa ontem no acampamento. A visita, porém, foi monitorada por pessoas destacadas pelos líderes, que ficavam atentas às perguntas e às respostas.


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