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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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HOSPITAL 1

Atraso nos salários já chega a R$ 400 mil, e repasse não cobre custos

Dívida pode parar Amparo Maternal

DA REPORTAGEM LOCAL

Por causa de uma dívida total de R$ 400 mil em salários atrasados, a maternidade Amparo Maternal, na Vila Clementino (zona sul de São Paulo), pode diminuir o atendimento a casos de urgência e até suspender por completo suas atividades a partir de hoje.
Se os cerca de 38 médicos -que estão sem receber o pagamento desde abril- decidirem fazer uma paralisação, por volta de 40 parturientes deixarão de ser assistidas gratuitamente por dia -quase 8% do total de mulheres que têm filho diariamente na cidade de São Paulo.
O principal problema vivido pelo Amparo Maternal é a insuficiência dos repasses que são feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) à maternidade, de acordo com o diretor administrativo-financeiro da instituição, Emilio Ferranda, e o presidente da Comed (cooperativa dos médicos que trabalham na entidade), João Luiz Videira Garcia.
Pela realização de um parto normal, que custa entre R$ 450 e R$ 500, o SUS paga R$ 230. Se for feita uma cesariana (o que é raro na maternidade), o repasse é de R$ 435, menos da metade do que o procedimento gasta -R$ 900.
A dívida total do Amparo Maternal beira os R$ 4 milhões, segundo Emilio Ferranda. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), visitou ontem a instituição, a convite de dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Prometeu liberar R$ 578 mil em quatro prestações -o que ele próprio reconhece ser uma "ajuda modesta".

Esperança
A esperança de Ferranda é, afirma, um pedido de verba que será encaminhado ao governo federal na próxima semana e uma promessa de mais R$ 3,5 milhões. "Mas ainda é um ponto de interrogação", ponderou o diretor.
No ano passado, também por causa do atraso no pagamento dos salários, os médicos da maternidade já haviam ameaçado parar, mas não o fizeram.
O Amparo Maternal é uma instituição filantrópica criada pela Igreja Católica que, há 64 anos, funciona sob o lema de não negar atendimento a ninguém. Além do parto humanizado e do serviço das doulas -voluntárias que fazem o acompanhamento emocional das parturientes-, a entidade oferece um alojamento social a mães que não têm para onde ir.
A instituição aceita doações. Informações podem ser obtidas no site www.amparomaternal.org.


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