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HOSPITAL 1
Atraso nos salários já chega a R$ 400 mil, e repasse não cobre custos
Dívida pode parar Amparo Maternal
DA REPORTAGEM LOCAL
Por causa de uma dívida total
de R$ 400 mil em salários atrasados, a maternidade Amparo Maternal, na Vila Clementino (zona
sul de São Paulo), pode diminuir
o atendimento a casos de urgência e até suspender por completo
suas atividades a partir de hoje.
Se os cerca de 38 médicos -que
estão sem receber o pagamento
desde abril- decidirem fazer
uma paralisação, por volta de 40
parturientes deixarão de ser assistidas gratuitamente por dia
-quase 8% do total de mulheres
que têm filho diariamente na cidade de São Paulo.
O principal problema vivido pelo Amparo Maternal é a insuficiência dos repasses que são feitos
pelo SUS (Sistema Único de Saúde) à maternidade, de acordo
com o diretor administrativo-financeiro da instituição, Emilio
Ferranda, e o presidente da Comed (cooperativa dos médicos
que trabalham na entidade), João
Luiz Videira Garcia.
Pela realização de um parto
normal, que custa entre R$ 450 e
R$ 500, o SUS paga R$ 230. Se for
feita uma cesariana (o que é raro
na maternidade), o repasse é de
R$ 435, menos da metade do que
o procedimento gasta -R$ 900.
A dívida total do Amparo Maternal beira os R$ 4 milhões, segundo Emilio Ferranda. O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), visitou ontem a
instituição, a convite de dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Prometeu liberar
R$ 578 mil em quatro prestações
-o que ele próprio reconhece ser
uma "ajuda modesta".
Esperança
A esperança de Ferranda é, afirma, um pedido de verba que será
encaminhado ao governo federal
na próxima semana e uma promessa de mais R$ 3,5 milhões.
"Mas ainda é um ponto de interrogação", ponderou o diretor.
No ano passado, também por
causa do atraso no pagamento
dos salários, os médicos da maternidade já haviam ameaçado parar, mas não o fizeram.
O Amparo Maternal é uma instituição filantrópica criada pela
Igreja Católica que, há 64 anos,
funciona sob o lema de não negar
atendimento a ninguém. Além do
parto humanizado e do serviço
das doulas -voluntárias que fazem o acompanhamento emocional das parturientes-, a entidade
oferece um alojamento social a
mães que não têm para onde ir.
A instituição aceita doações. Informações podem ser obtidas no
site www.amparomaternal.org.
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