São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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Brigadeiro diz que investigará cansaço de piloto e as condições do aeroporto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o brigadeiro Jorge Kersul Filho apontou dois fatores que podem ter contribuído para o acidente com o Airbus e, portanto, não podem ser descartados na apuração: o descanso insuficiente da tripulação e as condições da pista principal do aeroporto de Congonhas, aberta após uma reforma.
"Nenhum acidente advém de um único fator, normalmente uma seqüência. Então uma tripulação que por acaso não tenha um descanso suficiente ou a pista que tenha tido alguma influência, isso tudo são fatores que podem ter contribuído."
A pista foi entregue pela Infraero sem o chamado "grooving", ou seja, as ranhuras colocadas na pista para facilitar o escoamento da água -o que, por exemplo, existe na pista auxiliar. No dia do acidente, as pistas estavam molhadas por conta da chuva em São Paulo.
Kersul disse que o Airbus-A320 estava a 175 km/h no momento em que se chocou com o prédio da TAM, confirmando o relato de parlamentares nos EUA, onde está sendo analisada a caixa-preta do avião.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em ofício enviado à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo, "há evidências" de que problemas mecânicos do Airbus, "falha humana de operação" ou ambos os fatores provocaram o acidente.
Ontem, na entrevista, o brigadeiro Kersul afirmou que as investigações do Cenipa sobre o acidente com o Airbus da TAM devem ser concluídas num prazo de dez meses. Segundo ele, a média mundial em investigações com acidentes semelhantes é de 18 meses.
O brigadeiro disse ainda que as investigações do acidente com o Boeing da Gol, que caiu em setembro do ano passado após se chocar no ar com um jato Legacy, deve ser concluída num prazo máximo de dois meses. O acidente resultou na morte dos 154 ocupantes do Boeing da Gol.
Segundo Kersul, a transcrição dos dados da caixa-preta do Airbus da TAM, em análise na NTSB (National Transportation Safety Board), em Washington, deve chegar sexta-feira a Brasília.
O chefe do Cenipa sugeriu que os dados da caixa-preta não devem ser repassados às CPIs que investigam o apagão aéreo no Congresso. "Isso [vazamento à CPI] pode trazer um grande inconveniente para a prevenção de acidentes." (ES E ID)


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