São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Risco de convulsão deve durar 1 ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores de rua José Manoel da Cruz e Messias Rodrigues Moreira, parte do grupo de agredidos que não corre mais risco de morte, terão de tomar remédio contra convulsões três vezes ao dia e por pelo menos um ano.
"Um problema sério, no momento da alta, será como encaminhar essas pessoas", preocupa-se Sérgio Branco Soares Júnior, 42, chefe do setor de neurologia do hospital Alípio Corrêa Neto, em Ermelino Matarazzo (zona leste de São Paulo), onde as duas vítimas estão internadas.
Segundo Soares Júnior, o hospital aguarda há um mês a remoção de outro paciente sem moradia para uma unidade de retaguarda, destinada a pacientes que não precisam mais do hospital, mas de acompanhamento especial.
"É complicado ir para albergue nesta situação", diz o médico. Ele destaca que os dois moradores agredidos não terão total independência. "O ideal seria [colocá-los em] semi-hospitais."
Segundo o neurologista, como os pacientes tiveram extensas contusões no cérebro, sem os anticonvulsivos podem até morrer. "Também não podem beber."
Ainda de acordo com o médico, José Manoel teve uma hemorragia intracerebral importante e a pancada na cabeça foi aparentemente na região frontal. Já Messias foi atingido na lateral direita da cabeça e teve o que se chama de uma "fratura fechada", um inchaço entre a membrana que recobre o cérebro e o osso.
O tratamento, no hospital, é com remédios para reduzir o inchaço no cérebro. Ainda não é possível saber se terão seqüelas.
O médico autorizou que José Manoel passe por um teste de DNA, ofertado por uma empresa, para que se descubra se o porteiro Edmilson José de Oliveira, 36, é filho do morador de rua. Oliveira procurou José Manoel após saber das agressões pela imprensa.
Demonstrando estar bastante assustada, Maria de Lourdes Souza, atacada na madrugada de domingo, teve alta ontem do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). Souza foi levada por uma Kombi do projeto Acolher, da Prefeitura de São Paulo, a uma casa que atende mulheres, na zona norte da cidade.
"Eu não conheço você. Quem é você?", disse Souza para um assistente social, antes de entrar no veículo que a conduziria. No trajeto dentro do hospital, era levada em uma cadeira de rodas. Souza ofereceu um pouco de resistência para entrar no veículo, sem entender para onde iria.
O HSPM identificou como Benedito Souza o homem que morreu na primeira noite de ataques. (FABIANE LEITE E VICTOR RAMOS)


Texto Anterior: Massacre no centro: Medo e frio fazem lotar os albergues
Próximo Texto: Massacre no centro: Atitude suspeita é principal pista da polícia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.