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Risco de convulsão deve durar 1 ano
DA REPORTAGEM LOCAL
Os moradores de rua José Manoel da Cruz e Messias Rodrigues
Moreira, parte do grupo de agredidos que não corre mais risco de
morte, terão de tomar remédio
contra convulsões três vezes ao
dia e por pelo menos um ano.
"Um problema sério, no momento da alta, será como encaminhar essas pessoas", preocupa-se
Sérgio Branco Soares Júnior, 42,
chefe do setor de neurologia do
hospital Alípio Corrêa Neto, em
Ermelino Matarazzo (zona leste
de São Paulo), onde as duas vítimas estão internadas.
Segundo Soares Júnior, o hospital aguarda há um mês a remoção
de outro paciente sem moradia
para uma unidade de retaguarda,
destinada a pacientes que não
precisam mais do hospital, mas
de acompanhamento especial.
"É complicado ir para albergue
nesta situação", diz o médico. Ele
destaca que os dois moradores
agredidos não terão total independência. "O ideal seria [colocá-los em] semi-hospitais."
Segundo o neurologista, como
os pacientes tiveram extensas
contusões no cérebro, sem os anticonvulsivos podem até morrer.
"Também não podem beber."
Ainda de acordo com o médico,
José Manoel teve uma hemorragia intracerebral importante e a
pancada na cabeça foi aparentemente na região frontal. Já Messias foi atingido na lateral direita
da cabeça e teve o que se chama de
uma "fratura fechada", um inchaço entre a membrana que recobre
o cérebro e o osso.
O tratamento, no hospital, é
com remédios para reduzir o inchaço no cérebro. Ainda não é
possível saber se terão seqüelas.
O médico autorizou que José
Manoel passe por um teste de
DNA, ofertado por uma empresa,
para que se descubra se o porteiro
Edmilson José de Oliveira, 36, é filho do morador de rua. Oliveira
procurou José Manoel após saber
das agressões pela imprensa.
Demonstrando estar bastante
assustada, Maria de Lourdes Souza, atacada na madrugada de domingo, teve alta ontem do Hospital do Servidor Público Municipal
(HSPM). Souza foi levada por
uma Kombi do projeto Acolher,
da Prefeitura de São Paulo, a uma
casa que atende mulheres, na zona norte da cidade.
"Eu não conheço você. Quem é
você?", disse Souza para um assistente social, antes de entrar no
veículo que a conduziria. No trajeto dentro do hospital, era levada
em uma cadeira de rodas. Souza
ofereceu um pouco de resistência
para entrar no veículo, sem entender para onde iria.
O HSPM identificou como Benedito Souza o homem que morreu na primeira noite de ataques.
(FABIANE LEITE E VICTOR RAMOS)
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