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Novos radares devem estar nas ruas em 2008
Parte dos 175 aparelhos registrará infrações hoje só fiscalizadas por agentes, como invasão a faixa de pedestre e conversão proibida
Especialistas elogiam rigor contra os motoristas infratores, mas ressalvam que poderá haver autuações incorretas e polêmicas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os próximos radares multifunção contratados pela gestão
Gilberto Kassab (DEM) vão ser
capazes de fotografar e multar
inclusive motoristas que invadem a faixa de pedestres na
mudança do semáforo ou que
fazem conversão proibida.
Essa nova fiscalização eletrônica deve pegar de surpresa infratores que hoje só são flagrados por agentes de trânsito.
Embora as cenas de veículos
parados na faixa de travessia,
atrapalhando a passagem de
pedestres, sejam freqüentes
nos principais cruzamentos de
São Paulo, essas multas não
passam atualmente da média
de 430 por mês, 0,13% do total.
A previsão da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
é que os novos aparelhos com
essas e outras funções -incluindo algumas já existentes
ou já divulgadas, como controle
de velocidade, do rodízio, de invasão à pista de ônibus e de caminhões que circulam à esquerda, por exemplo- estejam
nas ruas a partir de 2008.
A exigência da multifuncionalidade consta do edital de licitação para a contratação de
175 radares fixos, cujas propostas foram entregues por 13 empresas ou consórcio no final de
julho. O gerente de desenvolvimento tecnológico da CET, Pedro Cury, diz esperar concluir a
concorrência em três meses.
Dos aparelhos contratados,
no mínimo oito deles terão que
ser capazes de multar por invasão a faixa de pedestres e outros
oito por conversão proibida.
Esse tipo de fiscalização eletrônica já foi adotado em outros municípios do país. Os de
conversão proibida já foram
implantados, por exemplo, em
Fortaleza.
Já Campinas é um dos que
têm desde a última década radares que flagram quem invade
a faixa de travessia.
Polêmica
O rigor contra os infratores
do trânsito e a diversificação de
uso de radares costuma ter a
aprovação de boa parte dos especialistas, mas as multas eletrônicas principalmente para
quem parar na faixa de pedestres tendem a ser polêmicas.
Já é comum hoje em dia motoristas que reclamam de levar
uma multa por fechar um cruzamento sob a alegação de que
os carros da frente pararam e a
via congestionou de repente.
A contestação tende a ser
amplificada com a fiscalização
rigorosa por invasão ao espaço
da travessia, prevê Eduardo
Daros, presidente da Associação Brasileira de Pedestres.
"Quando está tudo engarrafado, quem fica com seu carro
atrás da faixa se sente como um
bobo, porque os outros que estão ao lado começam a entrar
na frente. É um comportamento que precisa mudar", afirma.
Favorável à fiscalização, Daros ressalva a necessidade de
haver uma sinalização eficiente, que não seja uma "armadilha" para os motoristas.
"Os motoristas precisam
aprender que a via pública é de
todos, e não apenas dos automóveis. Essa fiscalização reforça a prioridade ao pedestre",
diz Helena Raimundo, da comissão de educação de trânsito
da ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos).
Ela reconhece, no entanto,
que os radares podem aplicar
multas injustas em casos individualizados que seriam mais
bem avaliados por um agente.
"É lógico que, em algumas situações, os motoristas podem
ter razão em reclamar. A máquina não faz a dosagem de cada caso individual, mas é eficaz
e tem poder amplificador", diz.
Um exemplo dessa condição
é quando um motorista acabar
invadindo a faixa de travessia
para permitir a passagem de
uma ambulância. Nesse caso, a
alternativa é entrar com recurso contra a multa indevida.
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