São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Boate dos Jardins vive guerra com prefeitura

Dois secretários de Kassab apontam irregularidades na Blue Pepper, que continua aberta por causa de ordem judicial

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores dos Jardins e integrantes da alta cúpula da gestão Gilberto Kassab (DEM) estão em pé de guerra há dois meses com uma boate frequentada por um público vip do vip -que paga até R$ 300 pela entrada.
A prefeitura diz que a Blue Pepper, instalada desde junho na alameda Lorena, está irregular -por divergências na construção em relação à planta aprovada e por ter licença para bar ou lanchonete com até 50 clientes, embora receba 300.
Mas afirma estar impedida de barrar seu funcionamento devido a liminar obtida pela casa -que alegou ter conseguido as autorizações do município antes de abrir e ter havido só um "engano" sobre a capacidade.
Na vizinhança, as queixas são de barulho, congestionamento de carros importados e algazarra nas madrugadas.
O caso envolveu diretamente os secretários Orlando de Almeida (Controle Urbano) e Andrea Matarrazzo (Subprefeituras). O primeiro já esteve lá cinco vezes em dois meses. Em uma, com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana.
"Quando entramos, além das 200 pessoas que estavam na rua, havia mais de 300 no local. Falei pro DJ parar a música. Para conseguir sair, levamos uns 15 minutos, porque as pessoas ficaram aglomeradas. Se acontecesse um acidente, morreria metade", relata Almeida.
"Quando voltei depois, esfregaram na minha cara uma liminar. Mesmo que eu saiba que há risco para as pessoas, se eu não obedecer, a Justiça manda me prender." A prefeitura está tentando reverter a ordem judicial.
Já a Subprefeitura de Pinheiros afirma existir um atestado de vistoria do Corpo de Bombeiros "que assegura as condições de segurança do local".
Mas diz que iniciou a cassação da licença após vistoria no dia 6 verificar divergência entre a construção e planta aprovada do imóvel: "A cobertura de madeira de um corredor não constava na planta e foi construída após a obtenção da licença".
O dono do estabelecimento, Ali Yassin, diz que houve só um erro de digitação na obtenção da licença -em vez de 250, foi pedida autorização para 50 clientes.
Moradores vizinhos já fizeram um abaixo-assinado contra a boate e foram até a delegacia para registrar queixa.
"Moro no 16º andar e já teve duas tardes em que voltei para dormir em casa porque, sem descansar de madrugada, estava dormindo no trabalho", afirma Luciana Lopes, 38.
Síndica de um prédio, Iara Coelho, 62, diz que três boates irregulares na região já foram fechadas em 2006. "Meu pai tem 83 anos. Não consegue dormir e tem de enfrentar a hemodiálise no dia seguinte."
"Num prédio vizinho, parede com parede, a moradora colocou um copo d"água para mostrar. Fica tremendo por conta do barulho grave do som", relata Ronaldo Fleischner, 62, outro síndico de edifício do bairro.


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