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Boate dos Jardins vive guerra com prefeitura
Dois secretários de Kassab apontam irregularidades na Blue Pepper, que continua aberta por causa de ordem judicial
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores dos Jardins e integrantes da alta cúpula da gestão Gilberto Kassab (DEM) estão em pé de guerra há dois meses com uma boate frequentada
por um público vip do vip -que
paga até R$ 300 pela entrada.
A prefeitura diz que a Blue
Pepper, instalada desde junho
na alameda Lorena, está irregular -por divergências na construção em relação à planta
aprovada e por ter licença para
bar ou lanchonete com até 50
clientes, embora receba 300.
Mas afirma estar impedida de
barrar seu funcionamento devido a liminar obtida pela casa
-que alegou ter conseguido as
autorizações do município antes de abrir e ter havido só um
"engano" sobre a capacidade.
Na vizinhança, as queixas são
de barulho, congestionamento
de carros importados e algazarra nas madrugadas.
O caso envolveu diretamente
os secretários Orlando de Almeida (Controle Urbano) e Andrea Matarrazzo (Subprefeituras). O primeiro já esteve lá cinco vezes em dois meses. Em
uma, com a Polícia Militar e a
Guarda Civil Metropolitana.
"Quando entramos, além das
200 pessoas que estavam na
rua, havia mais de 300 no local.
Falei pro DJ parar a música.
Para conseguir sair, levamos
uns 15 minutos, porque as pessoas ficaram aglomeradas. Se
acontecesse um acidente, morreria metade", relata Almeida.
"Quando voltei depois, esfregaram na minha cara uma liminar. Mesmo que eu saiba que há
risco para as pessoas, se eu não
obedecer, a Justiça manda me
prender." A prefeitura está tentando reverter a ordem judicial.
Já a Subprefeitura de Pinheiros afirma existir um atestado
de vistoria do Corpo de Bombeiros "que assegura as condições de segurança do local".
Mas diz que iniciou a cassação da licença após vistoria no
dia 6 verificar divergência entre
a construção e planta aprovada
do imóvel: "A cobertura de madeira de um corredor não constava na planta e foi construída
após a obtenção da licença".
O dono do estabelecimento,
Ali Yassin, diz que houve só um
erro de digitação na obtenção
da licença -em vez de 250, foi
pedida autorização para 50
clientes.
Moradores vizinhos já fizeram um abaixo-assinado contra a boate e foram até a delegacia para registrar queixa.
"Moro no 16º andar e já teve
duas tardes em que voltei para
dormir em casa porque, sem
descansar de madrugada, estava dormindo no trabalho", afirma Luciana Lopes, 38.
Síndica de um prédio, Iara
Coelho, 62, diz que três boates
irregulares na região já foram
fechadas em 2006. "Meu pai
tem 83 anos. Não consegue
dormir e tem de enfrentar a hemodiálise no dia seguinte."
"Num prédio vizinho, parede
com parede, a moradora colocou um copo d"água para mostrar. Fica tremendo por conta
do barulho grave do som", relata Ronaldo Fleischner, 62, outro síndico de edifício do bairro.
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