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Governador é contestado por estatísticas
DA SUCURSAL DO RIO
A afirmação de que a Rocinha
tem padrões africanos de fecundidade, feita pelo governador Sérgio Cabral Filho ao associar "fertilidade" e violência,
não encontra respaldo nas estatísticas oficiais.
Um estudo feito pelos demógrafos José Eustáquio Diniz Alves (da Escola Nacional de
Ciências Estatísticas, do IBGE)
e Suzana Cavenaghi (do Núcleo
de Estudos de População da
Unicamp), com base no Censo
2000 do IBGE, mostra que o
número médio de filhos por
mulher em favelas cariocas é de
2,6, enquanto no resto da cidade é de 1,7.
As taxas de fecundidade do
Gabão ou de Zâmbia, de acordo
com a ONU, são mais do que o
dobro: 5,4 e 6,1, respectivamente. O estudo também conclui
que o que faz diferença na taxa
de fertilidade é a escolaridade.
Eles provam isso com a taxa
de fecundidade entre mulheres
que têm mais de oito anos de
estudo, que é a mesma tanto
nas favelas quanto no restante
da cidade: 1,6 filhos por mulher.
"Justificar as injustiças sociais e a violência usando o álibi
dos diferenciais de fecundidade
é ignorar o fato de que os problemas com filhos jovens e adolescentes ocorrem independemente do tamanho das famílias", dizem os pesquisadores.
Outra comparação que contesta Cabral é a das taxas de fecundidade e mortes violentas
de jovens do Rio e do Maranhão. Em 2000, a fecundidade
no Maranhão era de 3,2 filhos
por mulher, ante 2,1 da verificada no Rio. O Rio, no entanto, é
líder do ranking de mortes violentes entre homens jovens e o
Maranhão ocupa a penúltima
posição.
(ANTÔNIO GOIS)
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