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DANIELLE E ALEX
Garota é morta em frente ao emprego pelo ex-noivo
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Só podia ser um blefe. O telefonema da irmã do ex-noivo, na
terça-feira, dia 7 de novembro,
pedindo que tivesse cuidado
com o rapaz não assustou a assistente comercial Danielle
Soares Teixeira, 25. Ela não
acreditava que o homem com o
qual planejou se casar e ter filhos seria capaz de fazer mal a
alguém.
Sabia que o vendedor Alex
Silva, 30, com quem namorou
dois anos e nove meses, andava
alterado psicologicamente,
mas não acreditou no aviso,
dois dias após ela ter rompido o
relacionamento.
No domingo, dia 5, Danielle e
Alex, que já tinham terminado
e reatado várias vezes -a maioria por causa do ciúme dele-,
tiveram uma briga. Ele chegou
a agredi-la e deixou seu braço
machucado. Não era a primeira
vez, contam amigos e vizinhos.
Com pena e ainda gostando
do noivo, Danielle não registrava boletim de ocorrência, mas
acabava se afastando dele cada
vez mais. E quanto mais ela
tentava ficar longe, mais Alex
se descontrolava.
Calmo e simpático com os
amigos e colegas de trabalho
(cursava o último ano da faculdade de jornalismo e era um
profissional em ascensão na
área de vendas da Coca-Cola),
ele não podia ver a noiva com
uma saia mais curta que era tomado por um ciúme doentio.
Obsessão
Colegas da empresa contam
que Alex era obcecado por Danielle e só falava nela nas horas
de folga. A paixão era tamanha
que o vendedor chegou a fazer
algumas sessões de terapia com
uma psicóloga.
Os conselhos para conter o
ciúme, porém, não eram colocados em prática. Quando cismava com alguma coisa, ligava
para o serviço da noiva, ameaçando-a.
Danielle, formada em turismo e funcionária da Editora
Abril desde o começo do ano
passado, não suportou mais e
deu um fim ao relacionamento.
O casamento marcado para o
ano que vem e a mudança para
o apartamento que compraram
juntos em Itaquera, na zona
leste de SP, foram cancelados.
A irmã dele fez os avisos: pediu
que ela não o deixasse entrar
em casa (Danielle morava com
a mãe e a avó em Artur Alvim,
na zona leste) e que não se
aproximasse do carro dele se o
visse na imediação do trabalho.
Inconformado
Na segunda-feira, dia 6, ele
foi ao trabalho, pegou sua apólice de seguro e escreveu um bilhete para a mãe com orientações sobre suas contas. Avisou
que iria se matar. Não fez
ameaças à ex-noiva.
Quinta-feira de manhã, dia 9,
Alex acordou cedo. Tomou café
rapidamente e saiu com o carro. Estacionou perto da editora
Abril, na zona oeste de São Paulo, e esperou Danielle sair da
estação Pinheiros da CPTM em
direção a mais um dia de serviço. Eram 8h50.
Ao lado de um colega de trabalho, ela viu Alex e se negou a
conversar com ele porque iria
perder o horário. A discussão
esquentou e o vendedor sacou
um revólver. Deu dois tiros em
Danielle e, em seguida, disparou contra a própria cabeça.
Nenhum dos dois sobreviveu.
A equipe do 14º DP, em Pinheiros, zona oeste, investiga o
caso e já ouviu os parentes de
ambos os lados.
A família de Danielle deixou
a casa em Artur Alvim no dia 10,
depois do enterro no cemitério
São Pedro, na Vila Alpina, e os
vizinhos não sabem dizer seu
paradeiro.
"Se foi um choque para nós
ver um moço responsável matar uma menina tão cheia de vida, imagina para eles", diz uma
vizinha. "Ninguém devia matar
por amor."
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