São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANIELLE E ALEX

Garota é morta em frente ao emprego pelo ex-noivo

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Só podia ser um blefe. O telefonema da irmã do ex-noivo, na terça-feira, dia 7 de novembro, pedindo que tivesse cuidado com o rapaz não assustou a assistente comercial Danielle Soares Teixeira, 25. Ela não acreditava que o homem com o qual planejou se casar e ter filhos seria capaz de fazer mal a alguém.
Sabia que o vendedor Alex Silva, 30, com quem namorou dois anos e nove meses, andava alterado psicologicamente, mas não acreditou no aviso, dois dias após ela ter rompido o relacionamento.
No domingo, dia 5, Danielle e Alex, que já tinham terminado e reatado várias vezes -a maioria por causa do ciúme dele-, tiveram uma briga. Ele chegou a agredi-la e deixou seu braço machucado. Não era a primeira vez, contam amigos e vizinhos.
Com pena e ainda gostando do noivo, Danielle não registrava boletim de ocorrência, mas acabava se afastando dele cada vez mais. E quanto mais ela tentava ficar longe, mais Alex se descontrolava.
Calmo e simpático com os amigos e colegas de trabalho (cursava o último ano da faculdade de jornalismo e era um profissional em ascensão na área de vendas da Coca-Cola), ele não podia ver a noiva com uma saia mais curta que era tomado por um ciúme doentio.

Obsessão
Colegas da empresa contam que Alex era obcecado por Danielle e só falava nela nas horas de folga. A paixão era tamanha que o vendedor chegou a fazer algumas sessões de terapia com uma psicóloga.
Os conselhos para conter o ciúme, porém, não eram colocados em prática. Quando cismava com alguma coisa, ligava para o serviço da noiva, ameaçando-a.
Danielle, formada em turismo e funcionária da Editora Abril desde o começo do ano passado, não suportou mais e deu um fim ao relacionamento.
O casamento marcado para o ano que vem e a mudança para o apartamento que compraram juntos em Itaquera, na zona leste de SP, foram cancelados. A irmã dele fez os avisos: pediu que ela não o deixasse entrar em casa (Danielle morava com a mãe e a avó em Artur Alvim, na zona leste) e que não se aproximasse do carro dele se o visse na imediação do trabalho.

Inconformado
Na segunda-feira, dia 6, ele foi ao trabalho, pegou sua apólice de seguro e escreveu um bilhete para a mãe com orientações sobre suas contas. Avisou que iria se matar. Não fez ameaças à ex-noiva.
Quinta-feira de manhã, dia 9, Alex acordou cedo. Tomou café rapidamente e saiu com o carro. Estacionou perto da editora Abril, na zona oeste de São Paulo, e esperou Danielle sair da estação Pinheiros da CPTM em direção a mais um dia de serviço. Eram 8h50.
Ao lado de um colega de trabalho, ela viu Alex e se negou a conversar com ele porque iria perder o horário. A discussão esquentou e o vendedor sacou um revólver. Deu dois tiros em Danielle e, em seguida, disparou contra a própria cabeça. Nenhum dos dois sobreviveu.
A equipe do 14º DP, em Pinheiros, zona oeste, investiga o caso e já ouviu os parentes de ambos os lados.
A família de Danielle deixou a casa em Artur Alvim no dia 10, depois do enterro no cemitério São Pedro, na Vila Alpina, e os vizinhos não sabem dizer seu paradeiro.
"Se foi um choque para nós ver um moço responsável matar uma menina tão cheia de vida, imagina para eles", diz uma vizinha. "Ninguém devia matar por amor."


Texto Anterior: Lei Maria da Penha é criticada por rigidez
Próximo Texto: Roberta e André: Professora morre na antevéspera do novo casamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.