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País arca com custos de repatriação
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA E SANTOS
A eventual rejeição do refúgio
pelo Ministério da Justiça pode se
transformar em problema para o
próprio governo brasileiro, que
muitas vezes arca com as despesas
de repatriação do estrangeiro.
No último dia 12, um vôo da
Lufthansa partiu do aeroporto de
Guarulhos (SP) levando 13 vietnamitas repatriados. Eles viviam ilegalmente havia quase dois anos
em Cascavel (PR). Uma escolta de
seis agentes da Polícia Federal seguiu com o grupo até o norte do
Vietnã. O governo brasileiro bancou a viagem -R$ 50 mil.
Inicialmente com 15 pessoas, o
grupo chegou ao Brasil pela fronteira paraguaia em fevereiro de
2000, com a promessa de trabalhar numa fábrica de macarrão,
mas o negócio não vingou. No período, passaram fome e sobreviveram com doações da comunidade. Dois fugiram de Cascavel.
"Fomos enganados", afirmou
Dang Van Tam na partida. Ele
disse que parte do grupo se endividou em bancos vietnamitas para ver a fábrica em funcionamento. Moradora em Cascavel e grávida de sete meses, Fabiane Passos
se despediu do grupo com a esperança de que um dia o pai de seu
filho possa voltar e conhecê-lo.
Quando os clandestinos chegam em navios, a repatriação é
bancada pelas agências marítimas
representantes da embarcação. O
agente Wesley de Oliveira, responsável pelo setor de imigração
da PF em Paranaguá (PR), disse
que só neste ano fez três viagens
de avião para a África do Sul, a fim
de entregar clandestinos.
"Essa aventura virou uma espécie de profissão para eles", declarou. Segundo o agente, não é raro
um clandestino informar ao policial, já no primeiro contato, que
quer voltar ao país de origem.
O delegado Cássio Luiz Guimarães Nogueira, da PF no porto de
Santos (SP), disse que muitas vezes um obstáculo para o repatriamento é localizar o estrangeiro.
"Às vezes, o processo chega ao final e é negado o refúgio. E aí? E
para achar a pessoa?"
Para o diretor da Caritas em São
Paulo, Ubaldo Steri, há "tolerância" com os que não obtêm refúgio. Segundo ele, no ano passado,
500 romenos tiveram seus pedidos de refúgio indeferidos, mas,
oficialmente, somente 19 foram
repatriados.
(MT e FS)
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