São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2001

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País arca com custos de repatriação

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA E SANTOS

A eventual rejeição do refúgio pelo Ministério da Justiça pode se transformar em problema para o próprio governo brasileiro, que muitas vezes arca com as despesas de repatriação do estrangeiro.
No último dia 12, um vôo da Lufthansa partiu do aeroporto de Guarulhos (SP) levando 13 vietnamitas repatriados. Eles viviam ilegalmente havia quase dois anos em Cascavel (PR). Uma escolta de seis agentes da Polícia Federal seguiu com o grupo até o norte do Vietnã. O governo brasileiro bancou a viagem -R$ 50 mil.
Inicialmente com 15 pessoas, o grupo chegou ao Brasil pela fronteira paraguaia em fevereiro de 2000, com a promessa de trabalhar numa fábrica de macarrão, mas o negócio não vingou. No período, passaram fome e sobreviveram com doações da comunidade. Dois fugiram de Cascavel.
"Fomos enganados", afirmou Dang Van Tam na partida. Ele disse que parte do grupo se endividou em bancos vietnamitas para ver a fábrica em funcionamento. Moradora em Cascavel e grávida de sete meses, Fabiane Passos se despediu do grupo com a esperança de que um dia o pai de seu filho possa voltar e conhecê-lo.
Quando os clandestinos chegam em navios, a repatriação é bancada pelas agências marítimas representantes da embarcação. O agente Wesley de Oliveira, responsável pelo setor de imigração da PF em Paranaguá (PR), disse que só neste ano fez três viagens de avião para a África do Sul, a fim de entregar clandestinos.
"Essa aventura virou uma espécie de profissão para eles", declarou. Segundo o agente, não é raro um clandestino informar ao policial, já no primeiro contato, que quer voltar ao país de origem.
O delegado Cássio Luiz Guimarães Nogueira, da PF no porto de Santos (SP), disse que muitas vezes um obstáculo para o repatriamento é localizar o estrangeiro. "Às vezes, o processo chega ao final e é negado o refúgio. E aí? E para achar a pessoa?"
Para o diretor da Caritas em São Paulo, Ubaldo Steri, há "tolerância" com os que não obtêm refúgio. Segundo ele, no ano passado, 500 romenos tiveram seus pedidos de refúgio indeferidos, mas, oficialmente, somente 19 foram repatriados. (MT e FS)

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