São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008 |
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Aluna com paralisia depende da mãe para assistir à aula Escola estadual não tem rampa de acesso; menina precisa de apoio para subir as escadas Funcionária e professora auxiliaram Natasha em 2007, tarefa que agora cabe à mãe; secretaria diz que vai mudar a classe dela para o térreo
AFRA BALAZINA DA REPORTAGEM LOCAL Natasha Batista, 9, aluna do 2º ano do ensino fundamental, tem um bom desempenho escolar, mas só consegue acompanhar as aulas com a presença da mãe. Isso porque precisa subir dois lances de escada de 13 degraus para chegar à sua sala, no colégio estadual Arthur Guimarães, em Santa Cecília (centro de São Paulo) e não tem ninguém para ajudá-la a tomar o lanche e ir ao banheiro. A aluna tem paralisia cerebral -o que não afeta sua capacidade intelectual, mas lhe causa problemas motores e de fala. Natasha anda de cadeira de rodas e, sobe as escadas com a ajuda da mãe, que a segura. Desde que as aulas começaram, a empregada doméstica Martinha dos Santos, 38, deixou de trabalhar pela manhã para ficar na sala de aula. Em 2007, a estudante teve o auxílio de uma funcionária por cerca de dois meses. Entretanto ela foi demitida e, no restante do ano, a própria professora se comprometeu a auxiliá-la. "Não era obrigação da professora. Mas acho que a escola, sim, tem que dar condições para a minha filha estudar sem eu estar junto", diz Martinha. Natasha nunca reclama de ter de ir para a escola. "Adoro encontrar meus amigos", diz. Sua mãe conta que ela é estimulada pelas outras crianças e quer fazer tudo o que as demais fazem. "E também bagunça." A doméstica comprou até um notebook para a filha conseguir anotar as aulas -a dificuldade motora impossibilita que Natasha escreva à mão. "Faço tudo o que posso para melhorar a vida dela, não meço esforços." Com 700 alunos, a escola não tem rampa de acesso e descumpre o decreto federal 5.296, de 2004, que determina que os estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, proporcionem condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida -isso inclui salas de aula, bibliotecas, ginásios, áreas de lazer e sanitários. As edificações de uso público tinham 30 meses, a contar da data de publicação do decreto, para garantir a acessibilidade. O prazo venceu em 2007. Além de colocar rampas ou elevador, seria fácil resolver o problema: a turma de Natasha poderia mudar de sala, para o térreo. A Secretaria de Estado da Educação disse que obrigará a escola a fazer isso. Para o neuropediatra Mauro Muszkat, coordenador do Nani (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil), da Unifesp, é importante que Natasha estude numa escola regular. "Quase metade das pessoas com paralisia cerebral não tem dificuldades cognitivas e intelectuais", afirma. Segundo ele, para isso o colégio precisa fazer as adaptações necessárias. Os outros estudantes, afirma o médico, só têm a ganhar com o convívio. "Eles experimentam lidar com o diferente." Texto Anterior: Motorista de caminhão terá que fazer exame de sono Próximo Texto: Secretaria afirma que mudará classe para o térreo para auxiliar a menina Índice |
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