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O ACUSADO
Garib vê motivação política em denúncias
"Sou acusado porque sou a bola da vez"
ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local
Acossado por denúncias que
atingem com gravidade cada vez
maior pessoas próximas, o vereador e deputado estadual eleito
Hanna Garib (PPB), 49, diz ser "a
bola da vez".
Em entrevista exclusiva à Folha
ontem, acompanhado por seu advogado, o parlamentar sustenta
que é inocente e que as acusações
têm fundo político. "Querem que
eu chegue derrubado na Assembléia Legislativa."
Garib disse que defende a aprovação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso e que já ofereceu a quebra de seu sigilo bancário e de sua
família para provar que não tem
nada a temer.
Folha - Alguma vez o senhor recebeu propina de camelôs ou comerciantes?
Hanna Garib - De jeito nenhum.
Repudio essas acusações. Não participo disso e tenho raiva de quem
participa.
Folha - A que o senhor atribui esse tipo de acusação?
Garib - Não sei de onde surgiu isso. Sei que há um fundo político. A
minha secretária, antes de tudo isso começar, recebeu um alerta de
um empresário. Ele disse que estavam tentando me pegar. Querem
que eu chegue derrubado na Assembléia.
Folha - O senhor teme ser cassado na Assembléia Legislativa?
Garib - Não tem prova nenhuma
contra mim.
Folha - O senhor é suspeito de ter
mandado matar o camelô Afonso
José da Silva.
Garib - Eu? Pelo amor de Deus.
Quero que ele viva bem para que
vá perante a Justiça repetir as acusações de que recolheram R$ 442
mil. Rezo diariamente para que ele
recupere a saúde. Quero ele na Justiça.
Folha - O senhor conhece Pierre
Salloun El Nanhoum, acusado de
coordenar a cobrança das propinas
na Regional Sé, que o senhor controla? Qual a relação que o senhor
tem com ele?
Garib - Ainda garoto, conheci ele
na igreja. Não era e nunca foi assessor do meu gabinete.
Folha - Nunca intermediou qualquer tipo de atividade ilícita para o
senhor?
Garib - Pelo amor de Deus!
Folha - O senhor teme a quebra
de seu sigilo bancário?
Garib - Ao contrário. Oferecemos
isso, abrimos sem problema. O
meu e o de todos os membros de
minha família.
Folha - Wehbe Dawalibi, o Jô,
presidente da Associação dos Comerciantes do Brás, fez doações
para a sua campanha eleitoral?
Garib - Não. Em 1996 (na campanha a vereador), ele me ajudou.
Não me lembro em quanto, não tenho de cabeça. Desta vez (na campanha a deputado estadual, em
98), não.
Folha - Quais suas relações?
Garib - Minha relação com ele é
de amizade há muito tempo. É da
colônia. Tinha uma loja de confecções com minha mulher, que fechou logo depois do Natal.
Folha - A polícia suspeita que ele
arrecadou recursos com lojistas,
garantindo que, se eleito, o senhor
tiraria os camelôs da frente dos estabelecimentos.
Garib - Quem tira camelôs: o vereador ou a prefeitura? A competência está com a Secretaria das
Administrações Regionais. A Regional da Sé não tem autoridade
para isso, depende de ordem da secretaria.
Folha - O senhor é contra a CPI?
Garib - Sou a favor da investigação.
Folha - Por que não votou?
Garib - Estava impossibilitado no
dia de comparecer ao plenário (para a Câmara, alegou problemas de
saúde). Só que quero que investiguem a época da Erundina. Quando era administrador da Sé, a região tinha 827 ambulantes. Quando voltamos após a Erundina, tinha 12 mil na Sé. É só pegar os jornais da época.
Folha - Como sua família está
reagindo?
Garib - Só tenho dó dos meus filhos e da minha mulher. Na escola,
dizem: teu pai é isso, teu pai é aquilo. Atualmente, se um cara dá um
grito no Rio Grande do Sul, todo
mundo fala que foi o Garib. Se uma
rua afunda no interior do Goiás,
foi o Garib. Sou a bola da vez.
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