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TRÂNSITO
Fim da exigência ainda depende do Senado e de sanção de FHC
Câmara derruba kit obrigatório de socorro
da Sucursal de Brasília
A Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto de lei prevendo
o fim da obrigatoriedade de os veículos portarem o kit de primeiros
socorros -exigência que entrou
em vigor em 1º de janeiro deste ano
e que não está sendo observada em
vários Estados.
O esforço para mudar a lei acontece quase dois anos após a aprovação do Código de Trânsito Brasileiro e mais de um ano após o início de sua vigência.
A obrigatoriedade do kit movimentou um comércio de cerca de
R$ 270 milhões -considerando
valor médio de R$ 10 para cada kit.
Sua revisão ocorre depois que o
ministro Renan Calheiros (Justiça)
questionou a exigência.
O texto aprovado ontem será encaminhado para apreciação e votação no Senado para depois seguir
para sanção do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O projeto, do deputado Padre
Roque (PT-PR), revoga o artigo
112 do Código de Trânsito Brasileiro, que criou a obrigatoriedade do
estojo de primeiros socorros e a
exigência de que seja mantido em
local de fácil acesso.
Segundo Padre Roque, esse artigo estava na lei com o objetivo de
dotar os motoristas do mínimo necessário para socorrer vítimas de
eventuais acidentes. Mas, em sua
avaliação, os itens que integram o
kit não servem para atender os objetivos previstos na lei.
Pela resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que
entrou em vigor em 1º de janeiro,
todos os veículos automotores devem estar equipados com estojo
com dois rolos de ataduras, tesoura com ponta arredondada, dois
pares de luvas de procedimento,
rolo de esparadrapo, dois pacotes
de gaze e bandagem de algodão.
"Esse conjunto de primeiros socorros é inútil, caro e perigoso. É
voz comum que poderá causar sérios prejuízos, se usado inadequadamente", diz Roque no texto de
justificativa de seu projeto.
"A única razão da existência do
kit é fomentar o lucro dos fabricantes dos materiais e equipamentos e dos revendedores. Os motoristas e a população nada têm a ganhar com a exigência do kit", afirma a justificativa.
Segundo Roque, além de não
atender aos objetivos da lei, o kit
"sumiu do mercado e dobrou de
preço". O parlamentar critica as
autoridades que continuam multando motoristas sem o estojo.
"Mal adentrou o novo ano e as autoridades responsáveis, amparadas pela lei e pela resolução, passaram a multar os motoristas dos
veículos que não estavam portando o kit, mesmo ante a comprovação de que os mesmos não existiam no mercado", disse.
A resolução do Contran prevê
multa de R$ 115 e mais cinco pontos no prontuário do motorista flagrado sem o kit no carro. Com 20
pontos, o motorista é suspenso.
Como o estojo sumiu do mercado nos primeiros dias de janeiro,
autoridades de vários Estados decidiram suspender a fiscalização
desse item de segurança.
Em São Paulo, o kit tem preço
próximo de R$ 10 em ambulantes,
que nem sempre fornecem o estojo
com todos os itens exigidos.
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