São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quase metade dos executivos não faz exame da próstata

Estudo foi realizado pelo hospital Sírio-Libanês com 900 executivos; o resultado foi considerado surpreendente

Dos participantes da pesquisa, 42% atuam em empresas de grande porte e 34% ocupam altos escalões, como vice-presidência

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase metade dos executivos não realiza uma vez por ano exames de rotina para detecção do câncer de próstata. É o que mostra um estudo divulgado na última quinta-feira pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, que entrevistou 900 executivos, 80% com idade superior a 45 anos, idade em que o exame anual já é desejável, de acordo com os médicos.
Segundo Sami Arap, coordenador do Núcleo Avançado de Urologia do hospital, o fato de 48% dos executivos não prevenirem o câncer de próstata regulamente causou surpresa, pois esperava-se um resultado melhor em razão do maior acesso à informação que se espera da categoria.
"O pior é que a grande maioria tem plena consciência da importância da prevenção. Espera-se que sejam pessoas que leiam mais. Mas, assim como pessoas com o menor nível de instrução, eles não fazem a prevenção da forma adequada."
Dos participantes da pesquisa, 42% atuam em empresas de grande porte e 34% ocupam altos escalões, como vice-presidência e diretoria.
Como comparação a esse público, Arap cita uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com 7.000 pessoas das classes D e E, entre 50 e 70 anos. Foram detectados 200 casos de tumores de próstata assintomáticos.

Preconceito
A vida corrida dos executivos, a despreocupação com a saúde e o medo de descobrir alguma doença são apontados por Sami Arap como possíveis fatores para a baixa procura por diagnósticos vista na pesquisa.
Outro motivo é o preconceito e a aversão a um dos métodos de detecção da possibilidade de um tumor, o exame do toque. "Tem homem que tem ojeriza ao exame e evita a todo custo. Existe ainda um certo preconceito quanto à técnica. Há até pacientes que procuram o médico, mas preferem realizar outros tipos de exames."
A afirmação do médico está relacionada a outro dado da pesquisa, que mostrou que, mesmo entre os homens que dizem fazer exames periódicos para prevenir o câncer de próstata, 37% não fazem o "toque".
Um exame que costuma ser uma "saída" para os que evitam fazer o toque é o PSA, exame de sangue que pode indicar a presença de uma substância chamada antígeno prostático específico, que aparece em maiores quantidades quando há tumor.
Entretanto, o toque e o PSA são exames complementares, porque há casos que podem não ser detectados com apenas um desses exames. Ambos sugerem a existência da doença, que é confirmada com a realização de um outro exame, a biópsia prostática.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda exames periódicos completos (toque e PSA) para todos os homens com 50 anos ou mais. Exames anteriores a esse período, não necessariamente todos os anos, também são desejáveis, segundo os médicos. Homens com antecedentes familiares de problemas na próstata devem fazê-los anualmente a partir dos 40, pois fatores genéticos aumentam em até três vezes as chances da doença.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de próstata é a segunda causa de óbitos por câncer em homens, atrás apenas do de pulmão. A entidade estima que 49.530 novos casos serão diagnosticados neste ano no Brasil.
Segundo o hospital Sírio-Libanês, a perspectiva de cura é de 90% caso os devidos cuidados sejam tomados.


Texto Anterior: Acidente da Gol: Justiça dos EUA quer que pilotos do Legacy façam defesa em vídeo

Próximo Texto: Entrevista: Medo da dor afasta homens, diz urologista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.