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Quase metade dos executivos não faz exame da próstata
Estudo foi realizado pelo hospital Sírio-Libanês com 900 executivos; o resultado foi considerado surpreendente
Dos participantes da pesquisa, 42% atuam em empresas de grande porte e 34% ocupam altos escalões, como vice-presidência
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase metade dos executivos
não realiza uma vez por ano
exames de rotina para detecção
do câncer de próstata. É o que
mostra um estudo divulgado na
última quinta-feira pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo,
que entrevistou 900 executivos, 80% com idade superior a
45 anos, idade em que o exame
anual já é desejável, de acordo
com os médicos.
Segundo Sami Arap, coordenador do Núcleo Avançado de
Urologia do hospital, o fato de
48% dos executivos não prevenirem o câncer de próstata regulamente causou surpresa,
pois esperava-se um resultado
melhor em razão do maior
acesso à informação que se espera da categoria.
"O pior é que a grande maioria tem plena consciência da
importância da prevenção. Espera-se que sejam pessoas que
leiam mais. Mas, assim como
pessoas com o menor nível de
instrução, eles não fazem a prevenção da forma adequada."
Dos participantes da pesquisa, 42% atuam em empresas de
grande porte e 34% ocupam altos escalões, como vice-presidência e diretoria.
Como comparação a esse público, Arap cita uma pesquisa
realizada no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com 7.000
pessoas das classes D e E, entre
50 e 70 anos. Foram detectados
200 casos de tumores de próstata assintomáticos.
Preconceito
A vida corrida dos executivos, a despreocupação com a
saúde e o medo de descobrir alguma doença são apontados
por Sami Arap como possíveis
fatores para a baixa procura por
diagnósticos vista na pesquisa.
Outro motivo é o preconceito
e a aversão a um dos métodos
de detecção da possibilidade de
um tumor, o exame do toque.
"Tem homem que tem ojeriza
ao exame e evita a todo custo.
Existe ainda um certo preconceito quanto à técnica. Há até
pacientes que procuram o médico, mas preferem realizar outros tipos de exames."
A afirmação do médico está
relacionada a outro dado da
pesquisa, que mostrou que,
mesmo entre os homens que
dizem fazer exames periódicos
para prevenir o câncer de próstata, 37% não fazem o "toque".
Um exame que costuma ser
uma "saída" para os que evitam
fazer o toque é o PSA, exame de
sangue que pode indicar a presença de uma substância chamada antígeno prostático específico, que aparece em maiores
quantidades quando há tumor.
Entretanto, o toque e o PSA
são exames complementares,
porque há casos que podem
não ser detectados com apenas
um desses exames. Ambos sugerem a existência da doença,
que é confirmada com a realização de um outro exame, a
biópsia prostática.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda exames periódicos completos (toque e PSA) para todos os homens com 50 anos ou mais.
Exames anteriores a esse período, não necessariamente todos os anos, também são desejáveis, segundo os médicos. Homens com antecedentes familiares de problemas na próstata
devem fazê-los anualmente a
partir dos 40, pois fatores genéticos aumentam em até três vezes as chances da doença.
Segundo o Inca (Instituto
Nacional de Câncer), o câncer
de próstata é a segunda causa
de óbitos por câncer em homens, atrás apenas do de pulmão. A entidade estima que
49.530 novos casos serão diagnosticados neste ano no Brasil.
Segundo o hospital Sírio-Libanês, a perspectiva de cura é
de 90% caso os devidos cuidados sejam tomados.
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