São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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RETRATO DO BRASIL

IBGE constatou que é reduzido o número das que já faziam exames preventivos com a periodicidade indicada

1/3 das brasileiras nunca examinou a mama

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Um terço (34,4%) das brasileiras com mais de 40 anos nunca fez um exame clínico de mamas e quase a metade (49,7%) das que têm mais de 50 jamais foram submetidas a uma mamografia. A constatação foi feita pela pesquisa "Acesso e Utilização de Serviços de Saúde", divulgada ontem pelo IBGE e realizada a partir da "Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2003".
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o acesso a exames preventivos femininos e constatou que é reduzido o número de mulheres que já faziam em 2003 esses exames com a periodicidade indicada pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer).
No Consenso para o Controle de Câncer de Mama de 2004, o Inca indica que o exame clínico de mamas deve ser feito ao menos uma vez por ano entre mulheres com mais de 40 anos e que a mamografia deve ser feita num intervalo máximo de dois anos para as que têm entre 50 e 69.
No caso do exame clínico de mamas, apenas 37,6% das brasileiras com mais de 40 anos tinham feito, em 2003, o exame no último ano. Entre mulheres com mais de 50 anos, a proporção das que tinham feito mamografia nos últimos dois anos era de 41,2%.

Colo de útero
A cobertura de exame preventivo de câncer de colo de útero foi a que teve maior proporção entre os três pesquisados pelo IBGE. No caso desse procedimento, 68,7% das mulheres com mais de 25 anos disseram ter feito nos últimos três anos. No entanto, uma em cada cinco mulheres (20%) nessa faixa disse nunca ter feito esse exame na vida. A recomendação do Inca é que, entre 25 e 59 anos, ele seja repetido num intervalo máximo de três anos.
A pesquisa mostra que o acesso a esses exames é diretamente ligado à escolaridade. Apenas 36,8% das mulheres sem escolaridade e com mais de 25 anos de idade haviam realizado exame clínico de mamas. Entre as que tinham ao menos 15 anos de estudo completos, a proporção é de 90%. No caso da mamografia, esses percentuais variavam entre 24,3% para as mulheres sem escolaridade e 68,1% para as com mais de 15 anos de estudo.
Para o ministro da Saúde, Humberto Costa, os dados indicam a necessidade de ampliar o número de mamógrafos, principalmente no Norte e no Nordeste. Ele afirma que o ministério irá novamente corrigir a tabela dos valores pagos pelo SUS à iniciativa privada nesse tipo de exame para aumentar a oferta.
"Lançaremos nos próximos 40 dias uma política dirigida para o câncer de mama e de colo de útero. Queremos não apenas ampliar o número de mamógrafos no país mas também maximizar o uso dos existentes. Já fizemos a correção dos valores pagos por mamografia e vamos fazer outra correção para tornar esse tipo de serviço mais interessante para a área privada", disse o ministro no evento de divulgação da pesquisa, no Rio de Janeiro.
Costa afirmou também que o ministério estuda adotar como norma que o exame clínico de mamas faça parte da rotina de exames individuais feitos por equipes de saúde da família.

Estrutura
Para a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Câncer do Inca, Gulnar Mendonça, a pesquisa indica que o país precisa se preparar para oferecer exame e tratamento do câncer de mama para toda a população.
"Ainda não temos estrutura suficiente para chamar todas as mulheres, incluindo as que nunca apresentaram sintomas, para fazerem exame e receberem o tratamento adequado, mas o Ministério da Saúde está se estruturando para isso. A gente pretende que até 2007 o SUS consiga oferecer para toda a população de mulheres a mamografia e encaminhar tratamento adequado para as que necessitem", diz ela.
Em relação ao exame preventivo de câncer de colo do útero, ela afirma que a rede já está estruturada para fazer o exame em todas as mulheres e, por isso, é preciso fazer um esforço para atingir os 20% de mulheres que nunca fizeram esse exame, segundo o IBGE.
A coordenadora do Inca lembra que o câncer de mama é o tipo de câncer que mais atinge e mata mulheres no Brasil. O de colo de útero é o segundo com maior incidência entre mulheres, mas, por ser menos letal, mata menos do que o de pulmão.


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