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LETRAS JURÍDICAS
Dificuldades no caminho de Jobim (4)
WALTER CENEVIVA
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro Nelson Jobim, presidente do STF -
Supremo Tribunal Federal, definiu posições importantes em seu
discurso de posse. Para esta última coluna sobre o assunto, selecionei frases da oração proferida,
precedidas pela sugestão de um título meu. As frases não são, necessariamente, de períodos contínuos. Quando houve interrupção,
acrescentei reticências. Vamos
a elas.
Silêncio do Judiciário: "Criamos uma enormidade de problemas porque nos opomos a falar
sobre os nossos. Evitamos falar de
nós mesmos e desqualificamos
quem fala de nós".
Vozes de fora do Judiciário: "A
mesa de discussões tem que se ampliar. (...) Devem estar na mesa o
governo, os políticos, os filósofos,
os antropólogos, os economistas,
os administradores. Também as
organizações sociais e os sindicatos de trabalhadores e patrões".
Visão sistemática necessária:
"Proponho a elaboração de uma
agenda comum. (...) A divisão
constitucional em tribunais com
competências específicas foi pensada para produzir consistência
no todo. Em momento algum se
pensou nas autonomias dos órgãos judiciários para impedir o
diálogo e obstruir a complementariedade".
Conselho Nacional de Justiça:
deve ser visto como "um órgão
voltado para a consistência e funcionalidade do sistema". Jobim é
a favor do controle externo, expressão forjada pelo "debate de
surdos", "porque em sua composição se encontram membros não-integrantes da magistratura. (...)
A composição pretendida no Senado: nove são integrantes da
magistratura, desde o Supremo
Tribunal até o juiz de primeiro
grau. Quatro outros são oriundos
das carreiras que a própria Constituição define como "funções essenciais à Justiça" -a advocacia e
o Ministério Público".
Participação ativa de advogados e promotores: "É impossível
falar sobre o Poder Judiciário sem
contar com eles. Integram, assim,
o que podemos chamar de Poder
Judiciário em sentido lato. Têm
eles legitimidade constitucional
para pensar e discutir as políticas
estratégicas que poderão ser formuladas por tal conselho. Se viessem eles a ser excluídos, onde estaria a legitimação de um órgão que
precisa integrar todos os atores, já
que deve definir papéis e
condutas?"
Qualidade do Judiciário: "Nossa legitimidade está indissoluvelmente ligada à eficiência operacional. (...) A informatização é
mais do que um imperativo de
modernização administrativa. É
condição operacional indispensável para a legitimidade, posto ser
esta produto da eficiência".
Especificação dos processos:
"Devemos dimensionar e identificar a demanda de decisões. Toda
a delonga no cumprimento da
obrigação acaba fazendo com que
o devedor seja financiado pelo orçamento do Judiciário, considerada a taxa de juros. (...) Temos de
dimensionar a nossa capacidade
de oferta de decisões vis-à-vis aos
focos de demandas de decisões. Só
assim poderemos dizer à nação
quem são os interessados no longo
tempo do processo e trazê-los à
responsabilidade".
Transigência para ajustar defeitos: os que manejam a "retórica da intransigência (...) só
têm compromissos com seus
interesses".
Importância do debate: "Necessário é que venhamos a produzir debates e deliberações que possam modificar as opiniões e as
convicções".
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