|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria do fumo patrocina ações, diz Serra
Para governador, fabricantes de cigarro estão por trás do combate à lei antifumo, parcialmente suspensa na Justiça
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira declaração pública depois das duas decisões
que suspendem parte da lei antifumo, o governador José Serra (PSDB) disse ontem que as
sucessivas liminares pedidas à
Justiça por associações de bares e restaurantes são patrocinadas pela indústria do cigarro.
"Quem está dando essa batalha não é a associação de bares e
restaurantes, gente que representa menos de 1% da suposta
categoria. Quem está contra,
por trás disso, é a indústria do
cigarro. São eles que estão por
trás dessa onda. Este é o adversário", disse ela na formatura de
agentes da Vigilância Sanitária
que fiscalizam a lei antifumo.
"[As associações] Estão apresentando formalmente [liminares], mas na verdade estão
trabalhando para a indústria.
Quem é prejudicado pela diminuição do fumo? É a indústria
que tem lucros a partir daí."
Levantamento feito pela
ACT (Aliança de Controle do
Tabagismo) mostra que a Souza Cruz deu R$ 12 milhões em
patrocínio entre 2007 e 2008
para associações patronais de
bares, hotéis e restaurantes.
Entre as que receberam dinheiro estão a Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo), a
Abih (Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis) e até uma
empresa de Percival Maricato,
advogado que entrou com
ações contra a lei de Serra até
no Supremo Tribunal Federal.
A Abresi, que conseguiu em
primeira instância suspender a
proibição ao fumódromo e a
aplicação de multas, negou representar ou receber dinheiro
da indústria. "Nunca recebi um
real sequer. E desafio que provem o contrário. Vou processar. Nunca recebi dinheiro da
Souza Cruz", disse Marcus Vinícius Rosa, diretor da Abresi e
autor das ações na Justiça.
Confrontado com relatório
da própria Souza Cruz, que
mostra patrocínios e doações
em 2006 e 2007, Rosa recuou:
"Isso realmente é verdade. Não
tinha conhecimento disso. Fui
pego de surpresa."
Percival Maricato, que aparece na lista da Souza Cruz por
meio da empresa PM Maricato
Aperfeiçoamento Profissional,
diz ter recebido R$ 20 mil, gastos em workshops sobre direito
trabalhista e sobre como montar bares e restaurantes.
"Desse dinheiro não entrou
nenhum tostão no meu bolso.
Não acho que o governador
possa dizer que a honra de uma
pessoa tenha esse preço. Ele está errado e os juízes vão dizer
isso a ele", disse Maricato.
Texto Anterior: Nas ruas do centro de São Paulo, tragada custa R$ 1 Próximo Texto: Outro lado: Patrocínio visa estimular debate, diz Souza Cruz Índice
|